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Especialistas apontam outras técnicas
DA REPORTAGEM LOCAL
A reportagem ouviu psicólogos
e psiquiatras a respeito da eficiência da terapia baseada em simulações tridimensionais de vôo oferecidas para passageiros que têm
medo de avião. Os especialistas
dizem que é necessário avaliar o
custo/benefício do processo e
lembram que existem terapias
mais simples e mais baratas, que
atingem o mesmo resultado.
Para o psiquiatra do Hospital
das Clínicas de São Paulo Ênio
Andrade, já que o custo do tratamento é elevado (podendo chegar
perto dos R$ 1.600), o paciente deve avaliar se a freqüência com que
entra em aviões justifica o gasto.
"Se você precisa viajar constantemente por razões profissionais,
é válido como investimento. Mas
se quer perder o medo para ir passear na Europa, tem de pensar se
realmente vale a pena ou não."
Segundo Andrade, uma alternativa seria recorrer ao SUS (Sistema Único de Saúde) para obter
antidepressivos gratuitamente.
"Alguns estudos mostram que as
terapias com medicamentos e
cognitivo-comportamental [tipo
usado na simulação] são equivalentes em termos de resultados."
Já a presidente do Conselho Federal de Psicologia, Ana Bahia
Bock, questiona a capacidade do
SUS de competir com o sistema
privado. "Infelizmente, a rede pública não atende à demanda existente. Se você sair das capitais, a
oferta de profissionais e remédios
é insuficiente", avalia.
Ana também faz ressalvas à técnica de vôo tridimensional. "Sem
desmerecer a sofisticação, há psicoterapias mais simplificadas que
lidam com as mesmas questões.
Existem há muitos anos e sempre
surtiram efeito", afirma.
Tito de Barros Neto, que integra
o Laboratório de Ansiedade do
Instituto de Psiquiatria da USP é
outro a criticar o método tridimensional. "O procedimento pode até funcionar, mas acho que
precisa existir mais fundamentação teórica", diz.
Ele afirma que a dificuldade de
detectar a natureza do medo que
está associado ao avião pode
comprometer a eficiência do processo. "Pode ser medo de ficar fechado, de o avião cair, de altura
ou de ter ataque de pânico no ar."
O preço da terapia, diz Neto, "não
é muito diferente do de tratamentos convencionais".
(LN)
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