São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 2006

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ARTE E FÉ

Para associação católica, obras consideradas blasfemas não devem ser expostas no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília

Opus Christi agora quer boicotar banco

TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

Depois de barrar, no Rio de Janeiro, a exposição da obra "Desenhando com Terços", da artista plástica Márcia X, e de investir contra outra, sem título, de Alfredo Nicolaiewsky, a associação de jovens católicos Opus Christi quer boicotar o Banco do Brasil caso as peças sejam expostas no centro cultura da instituição em Brasília, próxima parada da mostra.
Eles pretendem fazer um apelo aos católicos para que encerrem suas contas no banco caso as obras, que fazem parte da exposição erótica "Os Sentidos da Arte", sejam expostas em Brasília.
No Rio, a mesma exposição foi motivo de polêmica na quarta-feira passada, quando a direção do banco decidiu retirar da exposição a obra de Márcia X, onde dois terços formam o desenho de dois pênis sobrepostos.
A obra de Nicolaiewsky, que retrata são Jorge ao lado de um homem seminu, segue na mostra. Na quinta-feira à noite, a associação pediu ao plantão judiciário a retirada do quadro, mas não obteve resposta. Novo pedido será encaminhado à Justiça.
Ontem, durante a missa de comemoração do dia de são Jorge em Quintino (zona norte do Rio), a Opus Christi coletou 850 assinaturas para compor petições individuais que serão encaminhadas ao Ministério Público Federal, em Brasília, com o intuito de impedir a exposição das obras.
"Estamos investindo pesado na campanha "Blasfêmia Não" e vamos promover um boicote ao Banco do Brasil. Queremos coletar mil assinaturas de católicos dispostos a cancelar suas contas. Se as obras blasfemas, que agridem os católicos por usaram símbolos da nossa divindade, forem expostas, no dia seguinte cancelaremos as contas", afirmou o presidente da Opus Christi, João Carlos Rocha.

Artistas revidam
A classe artística do Rio também vai colher assinaturas com o objetivo de devolver à exposição, ainda no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio, a obra de Márcia X.
Eles encaminharam manifesto à direção do banco e pedem um pronunciamento do ministro da Cultura, Gilberto Gil. No texto, os artistas consideram que a obra foi "vítima de violento ataque por parte de fanáticos religiosos".
O presidente da Funarte, Antonio Grassi, vai encaminhar o manifesto ao ministro. A Funarte é a responsável pelas artes visuais do governo federal. "Vamos levar ao ministro nossas preocupações. Toda forma de censura deve ser repudiada", defendeu Grassi.
A exposição termina no domingo no Rio e segue para Brasília, onde será inaugurada no próximo dia 15. A assessoria de imprensa do banco informou na quinta-feira que a intenção é levar a exposição completa à capital do país. A mostra já passou por São Paulo, onde foi vista por 56 mil pessoas. Mais de 70 mil visitaram a exposição no Rio.


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