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ARTE E FÉ
Para associação católica, obras consideradas blasfemas não devem ser expostas no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília
Opus Christi agora quer boicotar banco
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
Depois de barrar, no Rio de Janeiro, a exposição da obra "Desenhando com Terços", da artista
plástica Márcia X, e de investir
contra outra, sem título, de Alfredo Nicolaiewsky, a associação de
jovens católicos Opus Christi quer
boicotar o Banco do Brasil caso as
peças sejam expostas no centro
cultura da instituição em Brasília,
próxima parada da mostra.
Eles pretendem fazer um apelo
aos católicos para que encerrem
suas contas no banco caso as
obras, que fazem parte da exposição erótica "Os Sentidos da Arte",
sejam expostas em Brasília.
No Rio, a mesma exposição foi
motivo de polêmica na quarta-feira passada, quando a direção
do banco decidiu retirar da exposição a obra de Márcia X, onde
dois terços formam o desenho de
dois pênis sobrepostos.
A obra de Nicolaiewsky, que retrata são Jorge ao lado de um homem seminu, segue na mostra.
Na quinta-feira à noite, a associação pediu ao plantão judiciário a
retirada do quadro, mas não obteve resposta. Novo pedido será encaminhado à Justiça.
Ontem, durante a missa de comemoração do dia de são Jorge
em Quintino (zona norte do Rio),
a Opus Christi coletou 850 assinaturas para compor petições individuais que serão encaminhadas
ao Ministério Público Federal, em
Brasília, com o intuito de impedir
a exposição das obras.
"Estamos investindo pesado na
campanha "Blasfêmia Não" e vamos promover um boicote ao
Banco do Brasil. Queremos coletar mil assinaturas de católicos
dispostos a cancelar suas contas.
Se as obras blasfemas, que agridem os católicos por usaram símbolos da nossa divindade, forem
expostas, no dia seguinte cancelaremos as contas", afirmou o presidente da Opus Christi, João Carlos Rocha.
Artistas revidam
A classe artística do Rio também
vai colher assinaturas com o objetivo de devolver à exposição, ainda no Centro Cultural Banco do
Brasil do Rio, a obra de Márcia X.
Eles encaminharam manifesto à
direção do banco e pedem um
pronunciamento do ministro da
Cultura, Gilberto Gil. No texto, os
artistas consideram que a obra foi
"vítima de violento ataque por
parte de fanáticos religiosos".
O presidente da Funarte, Antonio Grassi, vai encaminhar o manifesto ao ministro. A Funarte é a
responsável pelas artes visuais do
governo federal. "Vamos levar ao
ministro nossas preocupações.
Toda forma de censura deve ser
repudiada", defendeu Grassi.
A exposição termina no domingo no Rio e segue para Brasília,
onde será inaugurada no próximo dia 15. A assessoria de imprensa do banco informou na
quinta-feira que a intenção é levar
a exposição completa à capital do
país. A mostra já passou por São
Paulo, onde foi vista por 56 mil
pessoas. Mais de 70 mil visitaram
a exposição no Rio.
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