São Paulo, quinta-feira, 24 de abril de 2008

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CNÉA CIMINI MOREIRA DE OLIVEIRA (1929-2008)

E o som da primeira ministra do TST

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

É fato que Cnéa Moreira, em seu tailleur bem cortado, sempre pelos corredores do Tribunal Superior do Trabalho, era procuradora de poucas palavras. "Mas de uma coisa tinha orgulho" e sempre, na ponta da língua, um comentário. Foi a primeira ministra mulher em um tribunal superior do Brasil.
O irmão já era advogado quando Cnéa deixou Inhapim (MG) para estudar direito no Rio. Formada, entrou para o Ministério Público do Trabalho. Tornou-se procuradora no dia 7 de janeiro de 1960 e deixou o cargo 30 anos depois -nomeada por José Sarney para o Tribunal Superior do Trabalho.
Foi um momento histórico aquele 29 de março, para quem defendia a participação feminina na Justiça. Deu entrevistas, falando "que a mulher, por ser mais meiga e mais calma, faz falta". Agora, sabia, "depois de minha gestão, várias ministras já atuam em outros tribunais".
Foram dez anos como ministra, até aposentar-se. Quando pôde, então, dedicar-se ao piano, que aprendera na Escola Nacional de Música. Houvesse um piano nos salões das festas do TST e todos pediam que tocasse -de Beethoven a Schubert.
Em casa tinha também o seu piano alemão, que tocava todo fim de tarde e que, havia uma semana, chegara da reforma. Difícil era calar "Louro", o papagaio. Viúva e sem filhos, morreu de derrame anteontem, aos 78, no Rio. Não chegou a tocar o piano depois de reformado.


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