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CNÉA CIMINI MOREIRA DE OLIVEIRA (1929-2008)
E o som da primeira ministra do TST
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
É fato que Cnéa Moreira, em seu tailleur bem cortado,
sempre pelos corredores do
Tribunal Superior do Trabalho, era procuradora de poucas palavras. "Mas de uma
coisa tinha orgulho" e sempre, na ponta da língua, um
comentário. Foi a primeira
ministra mulher em um tribunal superior do Brasil.
O irmão já era advogado
quando Cnéa deixou Inhapim (MG) para estudar direito no Rio. Formada, entrou
para o Ministério Público do
Trabalho. Tornou-se procuradora no dia 7 de janeiro de
1960 e deixou o cargo 30
anos depois -nomeada por
José Sarney para o Tribunal
Superior do Trabalho.
Foi um momento histórico aquele 29 de março, para
quem defendia a participação feminina na Justiça. Deu
entrevistas, falando "que a
mulher, por ser mais meiga e
mais calma, faz falta". Agora,
sabia, "depois de minha gestão, várias ministras já
atuam em outros tribunais".
Foram dez anos como ministra, até aposentar-se.
Quando pôde, então, dedicar-se ao piano, que aprendera na Escola Nacional de
Música. Houvesse um piano
nos salões das festas do TST
e todos pediam que tocasse
-de Beethoven a Schubert.
Em casa tinha também o
seu piano alemão, que tocava
todo fim de tarde e que, havia
uma semana, chegara da reforma. Difícil era calar "Louro", o papagaio. Viúva e sem
filhos, morreu de derrame
anteontem, aos 78, no Rio.
Não chegou a tocar o piano
depois de reformado.
obituario@folhasp.com.br
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