São Paulo, Sábado, 24 de Abril de 1999
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Bombas assustam professores e alunos em Belo Horizonte

CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

A explosão de uma bomba às 7h40 de ontem, em uma escola municipal de Belo Horizonte, foi a sétima registrada pela Polícia Militar de Minas Gerais contra uma escola pública na região metropolitana da capital mineira em menos de dez dias.
Ontem, havia 600 alunos nas salas no momento da explosão, ocorrida no pátio da escola Francisco Campos, na região norte da cidade. Ninguém ficou ferido e as aulas foram suspensas até a próxima terça, quando haverá uma reunião com os pais dos estudantes.
Antes do início das aulas de ontem, um telefonema anônimo avisou sobre a bomba, mas a polícia só foi chamada depois do atentado, porque, segundo a diretora Sandra Fonseca, a escola já recebeu outras denúncias anônimas que não se confirmaram.
Segundo a PM, a bomba que explodiu ontem, do tipo "garrafão", pode ser comprada em qualquer loja de fogos de artifício.
O delegado Silvano Almeida, do Departamento de Operações Especiais, explicou que essas bombas são compostas de pólvora enrolada em papel amarrado nas extremidades junto com um pavio. Elas podem ser compradas por pessoas com idade a partir de 16 anos ou 18 anos, dependendo da quantidade de pólvora utilizada.
Esse tipo de bomba pode ser detonada por um cigarro acesso amarrado em seu corpo.
"Os alunos ficaram muito nervosos, mas era uma bomba que faz mais barulho do que causa estrago. O meu receio é que amanhã alguém jogue uma bomba de fabricação caseira", disse a diretora.
No último dia 15, três alunos da escola estadual Geraldo Jardim Linhares, na região sudoeste de Belo Horizonte, saíram levemente feridos após uma explosão ocorrida no pátio durante o intervalo do turno da noite.
Na segunda-feira passada, mais três escolas públicas sofreram atentados. A PM conseguiu apreender outras quatro bombas antes que fossem detonadas. Três crianças e adolescentes foram detidos pela PM.
Segundo a professora Luciene Vieira, a explosão ocorrida na escola estadual do bairro Amazonas, em Betim (região metropolitana de Belo Horizonte), na última segunda-feira, "assustou todos os professores e alunos" e foi "a terceira ou quarta bomba" jogada na escola, nos últimos meses.
Também na segunda-feira, o estudante Alexandre Márcio de Jesus, 19, foi preso em flagrante com uma bomba de fabricação caseira na escola municipal Oswaldo Cruz. Em sua casa, foram encontradas outras duas, junto com um pacote de pólvora.
Alexandre de Jesus disse que fabricou cinco artefatos com a ajuda de um amigo e que duas já tinham sido detonadas em um lote vago.
O prefeito de Belo Horizonte, Célio de Castro (PSB), pediu ontem providências das autoridades de segurança pública para impedir novos atentados.
O secretário de Estado da Segurança Pública, Mauro Lopes, informou que será criada, na capital mineira, uma delegacia especializada em assistência ao estudante, para combater crimes cometidos contra a rede de ensino. Para ele, os atentados estão relacionados ao tráfico de drogas nas escolas.


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