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SAÚDE
Criança de um ano e meio morre engasgada com tampa de produto com "surpresa"; família quer processar fabricante
Embalagem de doce mata bebê por asfixia
EDMILSON ZANETTI
em São José do Rio Preto
O mecânico José Henrique Neto,
46, disse ontem que sua família vai
processar o fabricante do doce
Kinder Ovo, apontado como responsável pela morte de seu neto.
O bebê Igor Eduardo Pereira de
Silva Henrique, de um ano e seis
meses, morreu na noite de quarta-feira, depois de engolir a tampa de
um recipiente plástico, semelhante
ao Kinder Ovo.
Segundo a família, que mora em
Salto de Pirapora (120 km a oeste
de São Paulo), trata-se da tampa
do Kinder Ovo. O avô disse ter outro doce da mesma marca como
prova.
A empresa Ferrero do Brasil, importadora do Kinder Ovo, enviou
ontem à cidade um médico e um
gerente para verificar se o brinquedo não é um similar.
O avô disse que não quer indenização pela morte do neto, mas pretende, com a ação na Justiça, que a
empresa acusada mude a embalagem para evitar novos acidentes
com crianças.
Outro lado
O diretor de relações institucionais da Ferrero do Brasil, Giuseppe
de Cristófaro, 48, disse que o produto é comercializado há 36 anos
no mundo e segue padrões internacionais de segurança.
O diretor afirmou que já foram
vendidos mais de 20 bilhões do doce no mundo e desconhece algum
acidente desde seu lançamento.
No Brasil, o produto é vendido há
quatro anos, segundo Cristófaro.
O Kinder Ovo, doce em forma de
ovo coberto com chocolate, contém um brinquedo-surpresa.
A embalagem contém alerta, em
vários idiomas, inclusive em português, que o brinquedo não é recomendado para crianças menores de três anos.
Cristófaro disse que a capa da
embalagem é alaranjada, e o plástico que teria provocado a morte do
bebê é descrito pela polícia e pelos
médicos como cor-de-rosa.
Por isso a empresa quer investigar para saber se o objeto que provocou a morte do bebê é do Kinder
Ovo ou de algum produto similar.
Laudo
O delegado Décio Tadeu de Camargo Madureira enviou ontem o
objeto para perícia ao Instituto de
Criminalística de Sorocaba (87 km
a oeste de São Paulo).
Segundo ele, só uma perícia poderá dizer se a embalagem que
produziu a morte do bebê é do doce Kinder Ovo ou uma imitação.
Ele não sabe se abrirá inquérito,
pois inicialmente não vê a quem
responsabilizar pelo acidente.
Laudo feito pelo IML (Instituto
Médico Legal) de Sorocaba aponta
"anoxia cerebral" e "asfixia mecânica" como causa da morte.
O avô, que prestou socorro ao
neto, disse que demorou "dois,
três minutos" para chegar ao Centro Médico Municipal, logo que
percebeu o acidente.
"Ele pôs na boca, ficou de pé e começou a mudar de cor. A gente
passava o dedo na garganta e sentia uma coisa lisa. Não dava pra
ver. Aí ele começou a sangrar pela
boca", descreveu.
Segundo o avô, o brinquedo foi
dado por uma filha sua, tia do bebê, como presente. "Meu filho escondeu. A gente não sabe como foi
aparecer na mão dele", disse o avô.
Segundo a diretora do Centro
Médico Municipal, Roseli das Graças Sanches Campos, o bebê já chegou ao local com as pupilas dilatadas. Dois médicos de plantão tentaram reanimá-lo durante 40 minutos, em vão.
O médico Antonio Augusto Cais
dos Santos, 47, membro da Academia Americana de Pediatria, alerta
que, assim que o bebê começa a engatinhar, os pais devem deixar tudo que oferece risco fora do alcance de suas mãos, para evitar acidentes como esse.
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