São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 2006

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USP aprova bônus para aluno da rede pública na Fuvest

Candidato terá 3% a mais na pontuação na 1ª e na 2ª fase do vestibular para cursos com ingresso no ano que vem

Número de testes cairá de 100 para 90 na primeira etapa do processo seletivo, que também cobrará questões interdisciplinares


FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

A USP aprovou ontem um pacote de mudanças em seu vestibular, o maior do país, para que aumente o ingresso de alunos do ensino médio público na universidade. A maior alteração será a concessão de um bônus de 3% para esses estudantes, tanto na primeira quanto na segunda fase, já no próximo processo seletivo.
Além disso, a prova terá menos questões e algumas delas serão interdisciplinares -alterações que atingem diretamente tanto candidatos da rede pública quanto da particular.
No último vestibular, 24% dos aprovados eram provenientes do sistema público, que responde, atualmente, por 85% das matrículas do Estado. É devido a essa discrepância que a instituição decidiu alterar seu processo seletivo, que no ano passado teve 170 mil inscritos.
De acordo com as simulações feitas pela USP, o número de aprovados de escolas públicas subirá para 30% com o bônus. Em números absolutos, serão cerca de 600 estudantes a mais dessa rede na instituição, por vestibular. No último exame, foram 2.456. A universidade afirma que a bonificação será dada para que sejam convocados vestibulandos de escola pública que não foram aprovados por poucos pontos -não foi detalhada qual é essa margem.
"A USP buscou articular o mérito acadêmico com a inclusão social. Por isso decidimos não implementar simplesmente uma política de reserva de vagas [cotas]", disse a reitora da universidade, Suely Vilela. O projeto foi elaborado por professores de diversas unidades da própria instituição.
Outra alteração já na próxima prova será o menor número de questões na primeira fase, que cairá de 100 para 90. "Assim, os alunos terão mais tempo para resolver a prova", disse a pró-reitora de graduação, Selma Garrido Pimenta. Além disso, algumas perguntas do exame exigirão conhecimentos de mais de uma disciplina, modelo parecido com o do Enem.
A USP aprovou também a realização de provas ao final de cada série do ensino médio público. Os resultados serão considerados na nota do vestibular. A medida, porém, não tem data para começar.
"Infelizmente, o percentual do bônus é baixo. Mas ficamos felizes porque é a primeira vez que a universidade pensou em fazer alguma coisa para promover a inclusão", disse o coordenador da ONG Educafro, Eduardo Pereira Neto.
Na reunião em que foi aprovado o chamado Inclusp, houve confusão. Cerca de cem integrantes de movimentos sociais invadiram a reitoria, quebrando portas de vidro. Dois guardas e um manifestante se cortaram levemente com estilhaços.


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