São Paulo, quinta-feira, 24 de maio de 2007

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SOS Mata Atlântica financia reservas em áreas privadas

Desde 2003, o projeto em conjunto com a Conservação Internacional investiu R$ 2 milhões para apoiar proprietários

As duas organizações fazem amanhã a abertura do evento Viva a Mata 2007, no parque Ibirapuera


AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Fundação SOS Mata Atlântica e a Conservação Internacional, que fazem amanhã a abertura do evento Viva a Mata 2007, no parque Ibirapuera, financiam a criação e a administração de reservas particulares de florestas. Desde 2003, foram investidos R$ 2 milhões para apoiar proprietários que decidiram proteger suas áreas privadas de mata atlântica.
Como a maior parte (75%) do que restou do bioma no Brasil está nas mãos de particulares, a saída apontada por ambientalistas para evitar maior destruição é justamente proteger as áreas privadas. Essas reservas, chamadas de RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural), podem ser criadas por iniciativa do dono com consentimento do Ibama e, em alguns Estados, como SP, das secretarias de meio ambiente.
O húngaro Eugênio Follmann, por exemplo, criou a reserva Capuavinha, em Mairiporã (Grande SP), com o objetivo de "deixar a área íntegra para os descendentes". "É um jeito de manter a natureza até mesmo depois que eu for embora."
Follmann utilizou R$ 25 mil do programa para cercar sua reserva e fazer estradas de emergência para apagar incêndios. "Já ocorreram cinco incêndios criminosos simultaneamente na área", conta.
Em São Sebastião, no litoral norte, João Rizzieri transformou um sítio da família em reserva. Recebeu R$ 30 mil das organizações e, daqui a alguns anos, pretende oferecer atividades de ecoturismo.
Das cerca de 700 reservas privadas existentes no país, 500 estão na mata atlântica. Há 37 no Estado de São Paulo. A decisão de "tombar" a floresta privada é perpétua (o dono não pode voltar atrás).
Para beneficiar quem cria uma reserva, há isenção de Imposto Territorial Rural. E, para estimular ainda mais a criação delas, existe o Programa de Incentivo às RPPNs de Mata Atlântica -parceria entre a Fundação SOS Mata Atlântica, a Conservação Internacional e a The Nature Conservancy.
Os recursos variam de acordo com o projeto (há quem seja beneficiado com R$ 10 mil ou R$ 30 mil, por exemplo). A iniciativa tem apoio do Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos, do Bradesco Cartões e Bradesco Capitalização. Até agora, foram aprovados 131 projetos -o total de reservas apoiadas, no entanto, chega a 200, já que há projetos individuais e outros, coletivos. Mais informações sobre o programa estão no site www.aliancama taatlantica.org.br.
"Todos os nossos esforços são para que a pessoa que protege ganhe com isso. A intenção é que os proprietários se sintam motivados e valorizados", diz Márcia Hirota, diretora da SOS Mata Atlântica.
Mônica Fonseca, bióloga da Conservação Internacional, diz que muitas áreas privadas de mata atlântica são vizinhas a parques e, dessa forma, ajudam a criar "corredores de fauna e flora" - são como pontes que ligam as áreas e ajudam as espécies a sobreviver. "O papel da sociedade não é só esperar respostas dos governos, mas também dar sua contribuição."


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