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ANTÔNIO CARVALHO (1946-2008)
Voz que ecoava na madrugada da rádio
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os fãs se empertigaram na
internet, em 2006, para arrancar do radialista Antônio Carvalho a resposta -quando voltaria, afinal, ao programa que embalara as madrugadas com sua "conversinha
de pé de ouvido"? Não sabia.
Foi em Lavras (MG) que
nasceu e começou no rádio,
aos 13, na Cultura, até vir para São Paulo. "A sensação
que tive quando estreei nos
microfones da [rádio] Bandeirantes foi de estupor, de
que eu estava no paraíso." Isso em 1969, no "Titulares da
Notícia" -lá sua voz grave
passou a demorar-se no fim
das palavras, como a fincá-las na memória dos fãs.
Fez um programa atrás do
outro, do "Freqüência Balançada" ao "Grande Sampa",
que abria o dia para muitos.
"Tudo o que falo no ar tem
um começo, meio e fim", dizia. Mas era um fim cada vez
mais espiritualista.
"Se eu fosse falar o que falo
hoje há dez anos, eu seria internado", disse Carvalho.
"Um dia eu disse algo no ar
sobre quando vi o Sol, uma
visão. Eu não vi o Sol, vi um
arcanjo enorme." Já não era
o mesmo, nem seus anseios
ou sua saúde. Mas acreditava
que a leucemia não o deixaria
voltar ao rádio. Não deixou.
Morreu sábado, aos 62.
Falaram da morte ao locutor que o substituiu no programa "Grande Sampa". Ele
tremeu. Dois dias depois exigiu que a vinheta na voz de
Carvalho jamais fosse tirada
do ar: "Prestação de serviço,
informação na madrugada,
começa agora Bandeirantes
a Caminho do Sol".
obituario@folhasp.com.br
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