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AIDS
Justiça gaúcha afasta procurador que afirmou que 'sobrevida de doente de Aids não contribuirá para sociedade'
Procurador é punido por discriminação
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
da Agência Folha, em Porto Alegre
O procurador do Estado do Rio
Grande do Sul Luis Roberto Padilla, 39, foi afastado de todo tipo de
processo que envolva pedido de
compra de medicamento ou pagamento de tratamento de doenças.
Ele é acusado de cometer excessos e de ferir a ética pela procuradora-geral do Estado, Eunice Nequete, no processo em que o portador do vírus da Aids M.A.S.C.
reivindica judicialmente a compra
de medicamentos importados para seu tratamento.
Padilla fez alegações que constam de sua contestação ao pedido
do doente, ainda não julgado pela
Justiça, segundo o Gapa-RS (Grupo de Apoio à Prevenção da Aids):
"A sobrevida do autor em nada
contribuirá para a sociedade para
a qual representa um risco de disseminação da doença".
Padilla disse ainda que "seu caso
(de M.A.S.C.), como o de muitos
outros, é infeliz. (Ele) vai morrer
de qualquer forma".
"O dinheiro utilizado no fornecimento de medicamentos para aidéticos poderá salvar muitas vidas,
se empregado em outras necessidades na saúde", afirmou.
A Agência Folha tentou ouvir o
procurador, no cargo há quatro
anos, mas não o encontrou.
Eunice disse que Padilla agiu
corretamente no processo de
M.A.S.C.. Segundo a procuradora,
Padilla se ateve estritamente à defesa jurídica do Estado, apontando
a legislação correta, mas "se excedeu ao fazer comentários que ferem a ética".
Eunice, que chefia 180 procuradores no Estado, disse que esse é o
primeiro caso dessa natureza de
que ela tem conhecimento.
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