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COMPORTAMENTO
Trabalho revela práticas sexuais prediletas do brasileiro; dados serão apresentados em congresso na França
Beijo é preferência nacional, diz pesquisa
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois da penetração vaginal, o
beijo é a prática sexual preferida
dos brasileiros. Citado por 88,4%
dos homens e 81,0% das mulheres, o beijo deixa para trás variantes como abraço, sexo oral, masturbação a dois e sexo anal.
Esse lado supostamente romântico da cama do brasileiro faz parte de uma extensa pesquisa sobre
práticas sexuais que será apresentada terça-feira no 15º Congresso
Mundial de Sexologia, em Paris.
O estudo, coordenado por Carmita Abdo, do Projeto Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do
Hospital das Clínicas, ouviu 2.835
pessoas em seis capitais e algumas
cidades paulistas. Todas eram
maiores de 18 anos -47% homens e 53% mulheres.
A preferência pelo beijo aparece
na pergunta sobre as práticas
mais comuns na relação sexual,
além da penetração vaginal.
O sexo oral foi citado por 65,5%
dos homens e 52,2% das mulheres. O sexo anal foi referido por
30,1% dos homens e 14,4% das
mulheres. Essa diferença de percentuais seria explicada por outro
dado, lembra Carmita: enquanto
23,2% das mulheres disseram
manter ou ter tido parceiro fora
do casamento, a porcentagem
nesse item sobe para 63,7% entre
os homens. E as práticas sexuais
fora do casamento costumam ser
menos conservadoras.
O Estudo do Comportamento
Sexual, pesquisa que teve o apoio
do laboratório Pfizer e que já teve
parte dos dados divulgados, confirma a tese de que a sexualidade
também sofre com a exclusão. Ao
comparar os níveis de escolaridade, o estudo constatou que a disfunção erétil é 3,6 mais frequente
nos homens que têm apenas o
primário, quando se compara
com quem cursou a universidade.
Disfunção erétil é a incapacidade
de manter a ereção por tempo suficiente para uma relação sexual.
"As pessoas que têm menos
acesso à informação também têm
menos acesso à saúde e mais conceitos errados sobre sexualidade",
diz a pesquisadora. Cuidam menos das várias causas da disfunção erétil, como a hipertensão, o
diabetes e a depressão; bebem
mais e comem pior. Ser pobre
acaba sendo o principal fator de
risco para a impotência.
Esses fatores se agravam com a
idade. Na pesquisa, 1,1% dos homens aos 40 anos não tinha ereção alguma, contra 11,8% daqueles com 70 anos ou mais.
No conjunto dos entrevistados,
31,5% disseram ter uma disfunção erétil mínima, 12,1%, moderada, e 2,6%, completa. Os outros,
53,8%, afirmaram não ter problema algum de ereção.
A autoconfiança nacional aparece na nota de 1 a 10 que os entrevistados deram ao seu próprio desempenho sexual: as mulheres se
atribuíram uma média de 7,4, os
homens, de 7,8.
Entre os temores que afligem as
duas partes durante a relação, o
medo de não satisfazer o parceiro
e o de pegar DST-Aids estão no
topo da lista. Cerca de 54% das
mulheres disseram ter medo de se
infectar, mas 40% delas afirmaram não usar camisinha "nunca"
e 25,1%, "às vezes". "Revela que a
preocupação em manter o parceiro conta mais", observa Carmita.
A lista dos medos mostra a diferença de preocupação entre os sexos: enquanto 53,4% dos homens
disseram ter medo de perder a
ereção, 6,1% das mulheres afirmaram se preocupar que isso venha a ocorrer com o parceiro.
Segundo a pesquisa, 3,1% das
mulheres disseram ser homo ou
bissexuais. Entre os homens,
3,9% afirmaram ter práticas homossexuais, e 4,7%, bissexuais.
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