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Grande Recife enfrenta racionamento há 18 anos
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
Há 18 anos os cerca de 3,5 milhões de habitantes da região metropolitana de Recife convivem
com um racionamento de água
que não tem perspectiva de acabar antes da próxima década.
Mesmo com os reservatórios lotados e sem o drama da seca, a
água só jorra em média um dia a
cada três nas torneiras -o equivalente a apenas dez dias de abastecimento por mês.
Em tempos de estiagem prolongada a situação se agrava e beira o
caos. Há dois anos, numa das
maiores secas enfrentadas pelos
nordestinos no século passado, o
fornecimento chegou a ser reduzido para três dias por mês.
Com o racionamento, a perfuração sem controle de poços cresceu a ponto de provocar queda na
arrecadação da Compesa (Companhia Pernambucana de Saneamento), de R$ 19 milhões por mês
para R$ 11 milhões.
A empresa estima que, hoje,
20% da água consumida na Grande Recife tenha os poços como
origem. Como consequência, o
nível da água subterrânea está
caindo e há risco de salinização.
Em alguns bairros de Recife, perfurar poços já está proibido.
Para o presidente da Compesa,
Gustavo Sampaio, a responsabilidade pelo racionamento "só não
pode ser atribuída a São Pedro".
Em Recife, disse, o índice pluviométrico, que mede a quantidade de chuva, é de 2.200 mm por
ano, em média. Cada milímetro
equivale à queda de um litro de
água sobre uma superfície plana
de um metro quadrado.
"É um volume maior do que a
média de muitos países da Europa, como a Espanha", afirmou
Sampaio. "Em Pernambuco, a
culpa é da falta de políticas públicas adequadas, principalmente
nos últimos 15 anos."
Para suprir as necessidades da
região metropolitana, disse, a
Compesa precisaria fornecer 14
mil litros de água por segundo. A
atual capacidade de produção é
de 11 mil litros por segundo.
Mesmo que a oferta aumentasse, diz Sampaio, a rede de tubulações não suportaria a pressão.
Dos 4.000 quilômetros de canos
instalados na Grande Recife, metade está obsoleta.
Sampaio estima em R$ 2 bilhões
a quantia necessária para aplicação, no período de dez anos, nos
sistemas de água e esgoto de Pernambuco. Desse total, R$ 800 milhões seriam destinados ao interior do Estado, onde 20 dos 184
municípios estão com seus sistemas de abastecimento em colapso
total devido à estiagem.
Dos recursos que deveriam ser
aplicados na região metropolitana, R$ 800 milhões seriam investidos em saneamento básico, serviço que atende 17% da população.
Sem um sistema eficiente, os detritos são lançados "in natura"
nos rios da cidade. O rio Capibaribe, o maior de Recife, caminha
para se tornar um esgoto a céu
aberto. Ele é uma das 189 fontes
usadas pela Compesa para o abastecimento da região. Em dois
anos, a Compesa afirma ter investido R$ 230 milhões em obras.
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