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Especialista aponta reutilização como solução do problema
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
O reuso da água, prática ainda
incipiente no Brasil, é a saída
apontada pelo professor Ivanildo
Hespanhol, da USP, para diminuir a coleta dos mananciais e
prolongar a reserva hídrica dos
rios. Consultor e principal especialista brasileiro no tema, Hespanhol integra uma equipe de estudos criada pela ANA (Agência
Nacional de Águas) com o objetivo de desenvolver um programa
nacional de reuso da água.
Para ele, o risco da escassez só
poderá ser afastado com uma gestão dos recursos hídricos baseada
na conservação e no reuso.
Como exemplo de ação de conservação, ele cita a substituição
das máquinas de lavar roupa individuais nos apartamentos por
máquinas coletivas de alto rendimento instaladas nos prédios.
"O custo para o consumidor
cairia muito, mas esse aspecto esbarra na característica cultural.
Qual dona-de-casa vai querer ir lá
embaixo com uma moedinha na
mão para lavar roupa?"
Dentre as possibilidades domésticas de reuso da água, Hespanhol propõe a recirculação do esgoto nas caixas dos vasos sanitários. Segundo ele, após um tratamento primário, a água poderia
ser usada em usos não-potáveis,
como lavagem de veículos.
O professor é autor do projeto
de reciclagem da água do terceiro
terminal a ser implantado no aeroporto de Guarulhos (SP). De
acordo com o plano, toda a água
do terminal destinada a válvulas
de descarga, lavagens de pista e de
aeronaves e sistemas de resfriamento será reutilizada.
Cosipa
O programa de reciclagem da
Cosipa (Companhia Siderúrgica
Paulista) garantiu um índice de
reuso de 94% de toda a água doce
empregada no processo industrial da usina de Cubatão (SP).
Maior consumidora de água
dentre as empresas do pólo industrial da cidade, a Cosipa passou a desenvolver o sistema em
1993, quando a usina hidrelétrica
Henry Borden, em Cubatão, deixou de receber a água bombeada
do rio Pinheiros, em São Paulo,
destinada à produção de energia.
Depois da suspensão, por razões ambientais, dos bombeamentos, o volume de água do Cubatão diminuiu. Isso permitiu
que, nos períodos de maré cheia, a
água salobra, cujo uso danifica o
maquinário, invadisse os dois
pontos de captação da empresa,
no rio Mogi, que passa por dentro
da área da siderúrgica.
Desde então, a empresa optou
por aplicar R$ 75 milhões em
equipamentos de reciclagem, segundo o superintendente de Suporte à Produção, Marcus Antonio Voris. Desse total, R$ 41 milhões foram destinados somente
para a construção da Estação de
Tratamento e Recirculação de
Água do setor de Laminação.
Antes da reciclagem, segundo
Voris, eram captados até 22 mil
metros cúbicos por hora de água
doce do rio Mogi. Hoje, segundo
ele, esse volume caiu para 1.800
metros cúbicos por hora. "A captação no rio Mogi passou a ser pequena. Antes, a água era usada e
descartada de novo no rio. Agora,
vai para uma torre, onde é tratada
quimicamente e volta para o processo industrial", afirmou Voris.
Até mesmo a água salobra vem
sendo aproveitada na Cosipa em
equipamentos que permitem esse
uso. Em maio, a empresa lançou
uma campanha intitulada "Desperdiçar Pode Ser a Gota d'Água",
visando a promover a economia
de água entre os funcionários.
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