São Paulo, domingo, 24 de junho de 2001

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Especialista aponta reutilização como solução do problema

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

O reuso da água, prática ainda incipiente no Brasil, é a saída apontada pelo professor Ivanildo Hespanhol, da USP, para diminuir a coleta dos mananciais e prolongar a reserva hídrica dos rios. Consultor e principal especialista brasileiro no tema, Hespanhol integra uma equipe de estudos criada pela ANA (Agência Nacional de Águas) com o objetivo de desenvolver um programa nacional de reuso da água.
Para ele, o risco da escassez só poderá ser afastado com uma gestão dos recursos hídricos baseada na conservação e no reuso.
Como exemplo de ação de conservação, ele cita a substituição das máquinas de lavar roupa individuais nos apartamentos por máquinas coletivas de alto rendimento instaladas nos prédios.
"O custo para o consumidor cairia muito, mas esse aspecto esbarra na característica cultural. Qual dona-de-casa vai querer ir lá embaixo com uma moedinha na mão para lavar roupa?"
Dentre as possibilidades domésticas de reuso da água, Hespanhol propõe a recirculação do esgoto nas caixas dos vasos sanitários. Segundo ele, após um tratamento primário, a água poderia ser usada em usos não-potáveis, como lavagem de veículos.
O professor é autor do projeto de reciclagem da água do terceiro terminal a ser implantado no aeroporto de Guarulhos (SP). De acordo com o plano, toda a água do terminal destinada a válvulas de descarga, lavagens de pista e de aeronaves e sistemas de resfriamento será reutilizada.

Cosipa
O programa de reciclagem da Cosipa (Companhia Siderúrgica Paulista) garantiu um índice de reuso de 94% de toda a água doce empregada no processo industrial da usina de Cubatão (SP).
Maior consumidora de água dentre as empresas do pólo industrial da cidade, a Cosipa passou a desenvolver o sistema em 1993, quando a usina hidrelétrica Henry Borden, em Cubatão, deixou de receber a água bombeada do rio Pinheiros, em São Paulo, destinada à produção de energia.
Depois da suspensão, por razões ambientais, dos bombeamentos, o volume de água do Cubatão diminuiu. Isso permitiu que, nos períodos de maré cheia, a água salobra, cujo uso danifica o maquinário, invadisse os dois pontos de captação da empresa, no rio Mogi, que passa por dentro da área da siderúrgica.
Desde então, a empresa optou por aplicar R$ 75 milhões em equipamentos de reciclagem, segundo o superintendente de Suporte à Produção, Marcus Antonio Voris. Desse total, R$ 41 milhões foram destinados somente para a construção da Estação de Tratamento e Recirculação de Água do setor de Laminação.
Antes da reciclagem, segundo Voris, eram captados até 22 mil metros cúbicos por hora de água doce do rio Mogi. Hoje, segundo ele, esse volume caiu para 1.800 metros cúbicos por hora. "A captação no rio Mogi passou a ser pequena. Antes, a água era usada e descartada de novo no rio. Agora, vai para uma torre, onde é tratada quimicamente e volta para o processo industrial", afirmou Voris.
Até mesmo a água salobra vem sendo aproveitada na Cosipa em equipamentos que permitem esse uso. Em maio, a empresa lançou uma campanha intitulada "Desperdiçar Pode Ser a Gota d'Água", visando a promover a economia de água entre os funcionários.



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