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Com mal-estar, 40 procuram hospitais
Até o meio-dia, 500 moradores haviam contatado a Cetesb com incômodo causado pelo gás que vazou na marginal
Médicos esclarecem que o butilmercaptana não traz danos graves à saúde; problemas surgem quando é inalado por longo período
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Entre as 5h e o meio-dia de
ontem, cerca de 600 pessoas
entraram em contato com a Cetesb e com a prefeitura para relatar os incômodos provocados
pelo cheiro do gás que vazou na
marginal. Nos prontos-socorros da capital, pelo menos 40
pessoas procuraram atendimento médico até o final do dia.
Segundo especialistas, o gás
butilmercaptana não é altamente tóxico e não causa conseqüências graves à saúde.
Os sintomas surgem quando
ele é inalado por um período
prolongado, o que pode causar
irritação das mucosas e do sistema respiratório, provocando
ardência nos olhos, no nariz e
na garganta, além de dor de cabeça, tontura e náuseas.
"Cheguei para trabalhar às
6h e o cheiro do gás estava insuportável. Colocamos máscaras,
mas não adiantou", disse o auxiliar de limpeza Antônio da
Costa dos Santos, 27.
A ambulante Selma Araújo
da Silva, 30, que há seis anos
vende café da manhã ao lado da
estação de trem, também sofreu as conseqüências do mau
cheiro. "Cheguei aqui por volta
das 5h e o cheiro estava muito
forte. Precisei ficar com um pano no nariz", disse.
Por volta das 11h30, a frentista Jucicleide Cruz Fatel, 30,
ainda queixava-se da ardência
nos olhos e da dor de cabeça
provocadas pela inalação do
gás. "Cheguei para trabalhar às
6h, quando o cheiro ainda estava muito forte aqui. Tomei um
copo de leite para ver se melhorava, mas não adiantou."
A estudante Márcia Araújo
de Almeida Ribeiro, 26, que
mora na região e costuma levar
seu cachorro para passear toda
manhã, reclamou da situação.
"Acordamos de madrugada
com o cheiro do gás e não conseguimos mais dormir. Acho
que até ele [o cachorro] passou
mal com o cheiro", disse.
O empresário João Quero
Luque, 58, que também mora
perto do local do acidente, disse
que acordou com o cheiro do
gás e chegou a pensar que era
vazamento de algum apartamento vizinho. "Não sabia o
que estava acontecendo, mas
não consegui mais dormir."
A dentista Lourdes Callero,
65, que mora há cinco quadras
da avenida Paulista, disse que
sua filha Soraia, 32, sentiu um
forte cheiro de gás dentro de
casa durante a madrugada. "Ela
foi até a cozinha para ver."
No 15º Distrito Policial, no
Itaim Bibi, investigadores relataram ter sentido o cheiro de
gás. "Muitas pessoas desesperadas apareciam aqui pedindo
informação do que estava acontecendo", falou um policial que
não quis se identificar.
Grávida e em trabalho de
parto, Maria Dalva de Souza,
26, foi encaminhada para o
Hospital das Clínicas. Ela inalou o gás quando passava pelo
local e sentiu tontura e náuseas. Segundo o hospital, o parto não teve relação com o gás.
Mãe e bebê passam bem.
Sem riscos
O médico toxicologista Anthony Wong, diretor do Centro
de Controle de Intoxicações do
Hospital das Clínicas, afirmou
que a inalação do gás não provoca seqüela nas pessoas, a não
ser o incômodo passageiro.
"Não causa danos nem mesmo
para mulheres grávidas."
Segundo ele, crianças, idosos
e pessoas com problemas respiratórios são mais suscetíveis a
sentirem os incômodos do gás.
Ronan José Vieira, toxicologista do Centro de Controle de Intoxicações da Unicamp, reforçou que o gás não é cancerígeno
e não provoca transtornos hepáticos. "Ele causa, no máximo,
irritações leves."
Colaborou KLEBER TOMAZ, da Reportagem Local
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