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Foco
Promotor quer retirar famílias que vivem em vagões abandonados
MARIA FERNANDA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO
O trabalhador rural Raimundo Tomás, 59, poderá ter
de deixar o vagão de trem onde mora há 20 anos com a família, em São Simão (285 km
de SP), por causa de uma ação
civil pública movida pela Promotoria devido às condições
precárias do local.
Sem água, luz ou coleta de
esgoto, Tomás divide o vagão
abandonado pela Fepasa com
a mulher, quatro filhos e um
neto. Como ele, mais duas famílias invadiram vagões e fizeram deles suas casas. Os antigos galpões da estação da
Fepasa, desativada em 1972,
também viraram residências
improvisadas. No total, seis
famílias vivem em condições
subumanas no entorno da estação. Os vagões ficam a cerca
de 200 m da linha de trem,
onde ainda circulam por dia
ao menos dois trens de carga.
Retirada
O promotor Tiago Cintra
Essado pede à Justiça que
mande a prefeitura retirar todas as pessoas dos vagões e da
estação. Ontem, o promotor
visitou as moradias e conversou com os invasores.
Na ação, Essado exige que o
prefeito de São Simão, Marcelo Aparecido dos Santos
(PSDB), explique em 20 dias
quais políticas habitacionais
já foram adotadas em relação
às famílias e determina que
elas sejam levadas para outros locais. "Não existe condição nenhuma de sobrevivência no local. Isso pode ser caracterizado como omissão."
Todos os vagões estão semidestruídos e servem de
quarto, sala e cozinha. O banheiro -fossa- fica do lado
de fora. Segundo Cristiano
Aparecido Luiz, diretor da Vigilância Sanitária, há risco
iminente de doenças.
O prefeito de São Simão
disse que, como a área onde
as famílias estão não é da prefeitura, ele não pode fazer nada para resolver o problema.
Ele afirmou ainda que, mesmo que a prefeitura seja obrigada pela Justiça a retirar as
famílias, não há condição financeira para dar casa para
todos os invasores.
A Brasil-Ferrovias informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a área
da malha ferroviária de São
Simão pertencia a ALL (América Latina Logística do Brasil). A ALL, por sua vez, disse
que a administração cabe à
FCA (Ferrovia Centro-Atlântica). A FCA negou ser a responsável pela área.
No processo de desestatização, a assessoria da Brasil-Ferrovias disse que nem todas as concessionárias ficam
responsáveis pelas construções ao redor das estações.
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