São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 2008

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RENATO CASTANHARI (1923-2008)

Ex-diretor financeiro do Grupo Folha

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Renato Castanhari era um homem sereno. Mesmo a cargo das finanças do Grupo Folha, no tempo em que as moedas eram trocadas da noite para o dia, pouco mudava de humor -salvo em jogos do Palmeiras. Foi preciso uma invasão para deixá-lo "realmente chateado".
Conhecia o publisher da Folha, Octavio Frias de Oliveira, havia meio século, desde que este fundara o Banco Nacional Imobiliário, nos anos 40. Técnico contábil chamado para redigir contratos no BNI, "foi tão bem", diz o amigo Alcides Grandisoli, "que foi contratado".
Acompanhou o chefe na empresa Transaco e, em 1962, na Folha da Manhã S/A, comprada por Frias e Carlos Caldeira Filho. "Homem de confiança", começou no setor de finanças e acabou diretor financeiro da empresa por mais de 20 anos. Lá viveu o maior susto da carreira.
"Eles foram atrás do meu pai com metralhadora", diz o filho, sobre o dia em que Castanhari estava em sua sala na sobreloja do número 401 da al. Barão de Limeira, em 23 de março de 1990, e soube que policiais federais, "a pretexto de comprovar irregularidades na troca de faturas emitidas em cruzados novos por faturas em cruzeiros", invadiram o prédio a mando do governo de Fernando Collor. Foi levado para depor. "E ficou muito abalado."
Anos depois teve um infarto, aposentou-se e foi viver em Ribeirão Preto (SP), sereno. Apreciava vinhos e viagens. "Ir à Itália, para ele, era chegar ao céu." Viúvo, tinha dois filhos e cinco netos. Morreu ontem, de insuficiência cardíaca, aos 84.


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