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Para barrar gripe suína, prefeito do RS proíbe festas e missas
Medida foi tomada em São Gabriel na segunda; ontem foi confirmado que adolescente que está na UTI tem a doença
Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, criticou a iniciativa e disse esperar que ela seja revogada; 13 mil alunos estão sem aulas
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO GABRIEL
(RS)
PABLO SOLANO
DA AGÊNCIA FOLHA
A Prefeitura de São Gabriel,
município a 321 km de Porto
Alegre, decretou situação de
emergência na cidade, determinou a suspensão das aulas
para 13 mil estudantes e proibiu aglomerações públicas, como festas e cultos religiosos,
para conter a disseminação do
vírus da gripe suína.
A medida foi tomada na segunda e passou a valer ontem,
no mesmo dia em que foi confirmado que uma adolescente
de 14 anos contraiu a doença
após uma viagem a Buenos Aires. Ela está internada na UTI,
em estado grave, no município
vizinho de Santa Maria.
Quatro pessoas que passaram por exames laboratoriais
que confirmaram a infecção
pela gripe estão em isolamento
domiciliar, incluindo a filha do
prefeito, de 14 anos. Há mais 18
casos suspeitos.
"Ao tomar essas medidas de
emergência, não agi como pai,
mas como homem público. Não
é caso de pânico, mas não se pode tratar com negligência", disse o prefeito Rossano Gonçalves (PDT) ontem à noite.
O ministro da Saúde, José
Temporão, afirmou que a medida foi tomada sem o conhecimento do ministério e que espera que seja revogada. "Foi
uma decisão pessoal do prefeito, contra a orientação do governo do Estado. A avaliação
que temos é que não há motivo
para pânico", disse o ministro.
O prefeito criticou o "blablablá" das autoridades federais.
"Precisavam agir com mais eficiência, a fiscalização é frouxa
em fronteiras e aeroportos",
afirmou Gonçalves.
Para o secretário de Estado
da Saúde, Osmar Terra, o decreto é um "excesso de zelo"
provocado por pressão de moradores sobre a prefeitura.
"Achamos que não seria necessária [a situação de emergência] por causa do comportamento do vírus. Ele está se
comportando de forma mais
benigna do que a gripe comum", disse o secretário.
Ontem, quando começou a
vigorar o decreto, nem todos
cumpriram à risca a proibição
de aglomerações. À noite, na
Igreja Matriz, a principal da cidade, uma missa reunia cerca
de cem pessoas. "Hoje [ontem]
temos quatro celebrações de
sétimo dia e amanhã [hoje] vamos analisar [o cumprimento
do decreto]. O que não pode é
deixar o povo na mão", declarou o padre Edegar Barbosa.
A igreja só tomou a precaução de deixar todas as portas e
janelas abertas, a despeito do
gelado vento do pampa gaúcho,
que dava a sensação de um frio
bem mais intenso do que os 9C
marcados no termômetro.
Havia gente circulando nas
ruas, mas, na prefeitura e em
supermercados, funcionários
trabalhavam com máscaras.
Apesar de sua eficácia duvidosa, as máscaras levaram a
uma corrida às farmácias na cidade de 57 mil habitantes.
Em uma delas, um lote de
2.000 unidades esgotou-se em
70 minutos. "Mais 5.000 devem chegar amanhã [hoje], e
uma parte já está reservada",
disse o gerente de farmácia
Marcelo Moraes.
O governo do Rio Grande do
Sul confirmou ontem que um
caminhoneiro de 29 anos internado em Passo Fundo está com
gripe suína. Ele permanecia
ontem na UTI, em estado grave, mas consciente. Segundo o
hospital, o caminhoneiro havia
voltado de uma viagem para
Buenos Aires.
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