São Paulo, quarta-feira, 24 de junho de 2009

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Polícia indicia médico Roger Abdelmassih

Ele é suspeito de crimes de estupro e atentado violento ao pudor contra ex-pacientes durante consultas; o médico nega

Advogados de Abdelmassih afirmam que direito de defesa foi cerceado por não terem tido acesso às acusações; secretaria nega

DA REPORTAGEM LOCAL

O médico Roger Abdelmassih, 65, considerado um dos maiores especialistas de fertilização in vitro do Brasil, foi indiciado ontem pela Polícia Civil de São Paulo sob suspeita de ter cometido crimes de estupro e atentado violento ao pudor contra ex-pacientes.
Abdelmassih é acusado por pelo menos 60 mulheres que dizem ter sido suas pacientes e sofrido crimes sexuais durante as consultas. O médico nega as acusações (veja texto ao lado). Procurado pela reportagem, ele não quis dar entrevista ontem.
O caso foi denunciado pela primeira vez ao Ministério Público em abril de 2008, por uma ex-funcionária do médico. Depois, diversas pacientes com idades entre 30 e 40 anos bem-sucedidas profissionalmente disseram ter sido surpreendidas por investidas do médico e molestadas quando estavam na clínica dele sem a presença dos maridos ou de enfermeiras.
Abdelmassih compareceu à 1ª Delegacia da Mulher na manhã de ontem, mas, orientado por advogados, não respondeu às perguntas dos policiais. Ele responde ao inquérito em liberdade. Por isso, embora tenha sido indiciado, voltou para casa. Foi a primeira vez que o médico compareceu à delegacia para prestar depoimento.
Em agosto de 2008, ele havia sido intimado pelo Ministério Público a depor, mas não compareceu. Mesmo assim, o órgão ofereceu denúncia à Justiça, recusada porque a juíza Kenarik Boujikian entendeu que a investigação é atribuição exclusiva da polícia.
Um inquérito foi então aberto pela polícia, mas desapareceu do Departamento de Inquéritos Policiais em novembro de 2008. Ele foi encontrado um mês depois, possibilitando o reinício das investigações.
Em março último, a defesa do médico conseguiu no Supremo Tribunal Federal o direito de, antes de ele ser ouvido oficialmente, ter acesso aos depoimentos e identidades de todas as mulheres que o acusam.
A defesa de Abdelmassih afirmou ontem que ele teve seu direito de defesa cerceado e que a Polícia Civil descumpriu a determinação do Supremo.
Segundo um dos advogados do médico, Adriano Vanni, a polícia antecipou o depoimento sem maiores explicações, antes que a defesa pudesse ter acesso às acusações. A Delegacia da Mulher não falou oficialmente sobre o caso.
O advogado José Luis de Oliveira Lima, que também defende o médico, disse que as acusações e identidades não foram disponibilizadas para a defesa.
"Tanto que hoje [ontem], no termo de interrogatório, a autoridade policial fez constar que: "nesta oportunidade estamos dando ciência ao teor de quatro depoimentos'", disse. Ele afirmou que fará uma reclamação hoje no Supremo.
A Secretaria da Segurança Pública disse que as acusações e identidades foram disponibilizadas à defesa. "A delegada do caso informou que todos os procedimentos do inquérito policial foram realizados de acordo com as leis vigentes, incluindo-se as decisões do STF", afirmou em nota.


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