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Polícia indicia médico Roger Abdelmassih
Ele é suspeito de crimes de estupro e atentado violento ao pudor contra ex-pacientes durante consultas; o médico nega
Advogados de Abdelmassih afirmam que direito de defesa foi cerceado por
não terem tido acesso às acusações; secretaria nega
DA REPORTAGEM LOCAL
O médico Roger Abdelmassih, 65, considerado um dos
maiores especialistas de fertilização in vitro do Brasil, foi indiciado ontem pela Polícia Civil
de São Paulo sob suspeita de ter
cometido crimes de estupro e
atentado violento ao pudor
contra ex-pacientes.
Abdelmassih é acusado por
pelo menos 60 mulheres que
dizem ter sido suas pacientes e
sofrido crimes sexuais durante
as consultas. O médico nega as
acusações (veja texto ao lado).
Procurado pela reportagem, ele
não quis dar entrevista ontem.
O caso foi denunciado pela
primeira vez ao Ministério Público em abril de 2008, por uma
ex-funcionária do médico. Depois, diversas pacientes com
idades entre 30 e 40 anos bem-sucedidas profissionalmente
disseram ter sido surpreendidas por investidas do médico e
molestadas quando estavam na
clínica dele sem a presença dos
maridos ou de enfermeiras.
Abdelmassih compareceu à
1ª Delegacia da Mulher na manhã de ontem, mas, orientado
por advogados, não respondeu
às perguntas dos policiais. Ele
responde ao inquérito em liberdade. Por isso, embora tenha sido indiciado, voltou para
casa. Foi a primeira vez que o
médico compareceu à delegacia para prestar depoimento.
Em agosto de 2008, ele havia
sido intimado pelo Ministério
Público a depor, mas não compareceu. Mesmo assim, o órgão
ofereceu denúncia à Justiça,
recusada porque a juíza Kenarik Boujikian entendeu que a
investigação é atribuição exclusiva da polícia.
Um inquérito foi então aberto pela polícia, mas desapareceu do Departamento de Inquéritos Policiais em novembro de 2008. Ele foi encontrado
um mês depois, possibilitando
o reinício das investigações.
Em março último, a defesa
do médico conseguiu no Supremo Tribunal Federal o direito
de, antes de ele ser ouvido oficialmente, ter acesso aos depoimentos e identidades de todas
as mulheres que o acusam.
A defesa de Abdelmassih
afirmou ontem que ele teve seu
direito de defesa cerceado e que
a Polícia Civil descumpriu a determinação do Supremo.
Segundo um dos advogados
do médico, Adriano Vanni, a
polícia antecipou o depoimento sem maiores explicações, antes que a defesa pudesse ter
acesso às acusações. A Delegacia da Mulher não falou oficialmente sobre o caso.
O advogado José Luis de Oliveira Lima, que também defende o médico, disse que as acusações e identidades não foram
disponibilizadas para a defesa.
"Tanto que hoje [ontem], no
termo de interrogatório, a autoridade policial fez constar
que: "nesta oportunidade estamos dando ciência ao teor de
quatro depoimentos'", disse.
Ele afirmou que fará uma reclamação hoje no Supremo.
A Secretaria da Segurança
Pública disse que as acusações
e identidades foram disponibilizadas à defesa. "A delegada do
caso informou que todos os
procedimentos do inquérito
policial foram realizados de
acordo com as leis vigentes, incluindo-se as decisões do STF",
afirmou em nota.
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