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Pagar menor por sexo não é crime, diz STJ
Procuradoria de MS vai recorrer da sentença que absolveu dois acusados de explorar sexualmente três adolescentes
Na interpretação dos
ministros, só haveria
infração penal se garotas
tivessem sido iniciadas
na prostituição por eles
AFONSO BENITES
DA AGÊNCIA FOLHA
A Procuradoria Geral de Justiça de Mato Grosso do Sul vai
recorrer de sentença do STJ
(Superior Tribunal de Justiça)
que considerou que não é crime
manter relações sexuais com
menores de 18 anos que sejam
prostitutas. A decisão absolveu
dois acusados de exploração sexual de adolescentes.
O caso corre em segredo de
Justiça. Segundo o Ministério
Público e os defensores dos
réus, os acusados são o ex-atleta Zequinha Barbosa e o ex-assessor dele Luiz Otávio Flores
da Anunciação. A sentença cita
somente as iniciais deles.
A decisão foi tomada no dia 5
de maio. Para os ministros, só
seria grave se as garotas tivessem sido iniciadas na prostituição por eles.
"Esta corte tem entendimento no sentido de que o crime
previsto no artigo 244-A do
ECA [Estatuto da Criança e do
Adolescente] não abrange a figura do cliente ocasional, diante da ausência de exploração
sexual", diz o relatório aprovado pelos ministros.
Uma decisão no mesmo sentido já havia sido proferida pelo
Tribunal de Justiça de MS. Segundo a Procuradoria, o recurso será apresentado ao Supremo Tribunal Federal.
De acordo com o Ministério
Público, Zequinha e Anunciação submeteram à prostituição
três adolescentes, que na época
do suposto crime, em 2003, tinham 13, 14 e 15 anos.
No processo, consta que elas
estavam em um ponto de ônibus e foram contratadas para ir
a um motel com os acusados.
Segundo as investigações,
Anunciação tinha armazenadas fotos de uma das jovens em
poses pornográficas. O STJ
manteve a condenação sobre
esse crime, que era de um ano
de reclusão, mas que foi substituída por uma pena alternativa.
Em 2004, Zequinha havia sido condenado em primeira instância a cinco anos de reclusão
e Anunciação, a sete. No ano seguinte, o TJ (Tribunal de Justiça) os absolveu.
À época, Anunciação disse
que manteve relações com as
jovens, mas não sabia que as garotas tinham menos de 18 anos.
Zequinha negou que tenha
mantido relação com elas.
Os advogados Kátia Cardoso,
que defende Anunciação, e Renato Rocha, que atua por Zequinha, afirmam que a Procuradoria só está exercendo o direito de recorrer. "Estamos
confiantes que a absolvição será mantida", disse a advogada.
O caso foi investigado pela
Comissão Parlamentar Mista
de Inquérito da exploração sexual infantil.
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