São Paulo, quarta-feira, 24 de junho de 2009

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Morte de austríaca foi "fatalidade", diz polícia

Segundo delegado, depoimento do irmão de Sophie Zanger, 4, deixa claro que menina caiu no banheiro acidentalmente

Polícia deverá indiciar hoje a tia e a prima da menina sob acusação de maus-tratos; em depoimento, elas negaram que agredissem a criança

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

O delegado Agnaldo Ribeiro, da 36ª Delegacia Policial do Rio, disse ontem que a morte da menina austríaca Sophie Zanger, 4, por traumatismo craniano foi uma "fatalidade".
Mesmo assim, ele deverá indiciar hoje Geovana dos Santos Vianna, 42, e Lílian Vianna, 21, tia e prima da menina, por maus-tratos. Geovana tinha a guarda de Sophie até a criança ser hospitalizada no último dia 12, após a suposta queda no banheiro da casa que teria provocado a morte.
A menina era filha de Maristela dos Santos Vianna, 40, irmã de Geovana, com o austríaco Sascha Zanger. O pai disputava na Justiça brasileira a guarda de Sophie e do filho de 12 anos, que também morava com a tia.
""Pelos relatos que temos até aqui, estou certo de que a menina era maltratada pelos familiares. Além de o irmão dela ter dito isso, temos depoimentos de vizinhos e a declaração dos médicos que a atenderam relatando que a menina tinha marcas antigas de agressões."

Laudo
O delegado aguarda hoje o laudo cadavérico de Sophie para pedir a prisão preventiva da tia e da prima da criança. A pena prevista para o crime é de prisão de dois meses a um ano ou multa.
De acordo com o delegado, o irmão de 12 anos disse que encontrou a menina trancada no banheiro dois dias antes da queda no local. Pelo depoimento, a menina estava de castigo dentro do box.
""Se chegar à conclusão de que a menina sofria maus-tratos diariamente, podemos pedir até crime de tortura", acrescentou o delegado. Já a punição prevista neste caso é de dois a oito anos de reclusão.
O delegado descartou a possibilidade de responsabilizar a tia e a prima pela morte de Sophie. ""O irmão dela foi claro no depoimento. O tombo no banheiro foi uma fatalidade."
Segundo o delegado, o menino relatou que estava sozinho com a irmã no banheiro no momento da queda. Lílian estava na casa e Geovana fazia compras. Geovana alega que cuidava das duas crianças porque a irmã tem problemas mentais.
Maristela diz ter sido expulsa da casa da família. Ela fugiu da Áustria com os filhos em janeiro de 2008. Sascha veio para o Brasil quando soube que a filha fora internada, no dia 12, após desmaiar no banheiro.

Inocência
Ontem, Geovana e Lílian prestaram depoimento e negaram agressões à criança. ""A morte foi uma fatalidade. O laudo mostrará isso", disse Lílian, ao deixar a delegacia.
A casa dos tios de Sophie amanheceu pichada ontem pelos próprios moradores do condomínio Santa Veridiana, em Santa Cruz. No início da noite de anteontem, moradores escreveram no portão da casa com tinta branca as palavras ""assassina" e ""covardia".
""Estamos revoltados com a frieza deles. Não se faz uma barbaridade dessas com uma criança", disse Edna Dias, 47, que mora na rua ao lado da casa em que Sophie vivia com os tios. Apesar da revolta contra a vizinha, Edna disse que nunca presenciou nenhum confusão protagonizada por Geovana.


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