São Paulo, quinta, 24 de julho de 1997.



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AMBULANTES NA PAULISTA
Eles dizem que vão trabalhar "na marra" amanhã, quando deve ocorrer passeata da CUT e MST
Camelôs de SP ameaçam montar barracas

Leonardo Colosso/Folha Imagem
Ambulantes caminham na avenida Paulista durante o protesto de ontem, o segundo realizado pelos camelôs esta semana em São Paulo


MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local

Os 200 camelôs sem licença impedidos de continuar a trabalhar na avenida Paulista pretendem armar as barracas "na marra" amanhã, data prevista para a passeata "Abra o olho, Brasil!".
A proibição de instalação das barracas, determinada pelo prefeito Celso Pitta, teve início na noite de segunda, por meio de operação da Guarda Civil Metropolitana.
A passeata de amanhã é promovida pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), que apóia os camelôs, MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), CMP (Central de Movimentos Populares) e partidos de oposição ao governo FHC.
"Se amanhã (hoje) ele (Pitta) não nos atender, vem todo mundo para a rua, trabalhar na marra. Com a manifestação que vai ter aqui, eu quero ver ele pôr a polícia para vir atrás da gente", diz o líder dos camelôs da Paulista, o sociólogo Marcos Antonio Maldonado, 34, que vende livros na avenida.
Hoje, os camelôs pretendem fazer uma "manifestação': um banquete de frango assado. A idéia é uma alusão às denúncias de vendas irregulares de frangos feitas por uma empresa em que a mulher de Pitta, Nicea, trabalhou em 96.
A terceira passeata consecutiva de camelôs, que vêm protestando desde terça-feira, deverá ter concentração no vão do Masp (Museu de Arte de São Paulo), na avenida Paulista, e seguir, às 6h, para a alameda Franca, nos Jardins, onde mora o prefeito.
Encontro
Ontem, após concentração no Masp, os camelôs, escoltados por policiais militares do Comando de Policiamento de Trânsito (CPTran), saíram em passeata, às 11h15, ocupando apenas uma das quatro faixas da avenida Paulista.
O grupo -cerca de 200 camelôs, segundo os organizadores, e 60, segundo o CPTran-, saiu em direção à rua Haddock Lobo, de onde foram até a alameda Santos, 2.356, sede da Secretaria das Administrações Regionais (SAR).
Os camelôs chegaram às 12h à secretaria. Maldonado e outros três representantes dos ambulantes tiveram uma reunião de 45 minutos com dois assessores da SAR.
Os assessores Walter Roberto Torrado e Hélio Furmankiewicz disseram que, no caso da Paulista, nada poderiam fazer, pois a ordem para a retirada dos camelôs partiu diretamente de Pitta e que eles estavam apenas cumprindo-a.
Ficou acertado que os camelôs terão um canal aberto com a secretaria para negociações e cadastramento. O fim da operação dependeria apenas do prefeito.
Na volta, a manifestação seguiu até a rua Ministro Rocha Azevedo. A CET registrou 5 km de congestionamento, apenas na região da Paulista, entre as 11h e as 14h30.



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