São Paulo, quarta-feira, 24 de julho de 2002

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CASO OLIVETTO

Hipótese é que sequestradores tenham recebido apoio de traficantes em Serra Negra (SP), onde se instalaram

Promotor apura elo entre grupo e tráfico

DA REPORTAGEM LOCAL

Os sequestradores do publicitário Washington Olivetto podem ter recebido apoio e proteção de líderes do tráfico de drogas em Serra Negra (150 km de São Paulo). O grupo escolheu essa cidade para montar o seu QG. Foi ali que os seis sequestradores foram presos, por acaso, pela Polícia Militar.
A suposta ligação está sendo investigada pelo Ministério Público de Serra Negra e pelo Gaerco (Grupo de Ação e Combate Regional ao Crime Organizado) de Campinas. Com essa apuração, a Promotoria quer esclarecer por que o grupo escolheu Serra Negra para montar o seu comando.
Os promotores começaram a investigação pela chácara onde os sequestradores foram presos, em fevereiro. Segundo o promotor de Serra Negra Michel Betenjane Romano -que não quis dar detalhes-, os sequestradores teriam recebido orientação de traficantes quando chegaram à cidade.
A chácara teria sido uma indicação de líderes do tráfico, segundo o promotor. "Eles não instalaram o QG deles aqui por acaso." Segundo a investigação, o grupo local de traficantes só deu apoio, sem se envolver no sequestro.
Romano acredita que pode ter ocorrido uma "parceria provisória" entre os dois grupos, mas ainda não se sabe o que os traficantes receberam em troca. "Eles teriam vindo para cá porque teriam alguma forma de fuga facilitada e um esquema de proteção", disse.
O grupo que teria ajudado os sequestradores, segundo a Promotoria, é integrado por pessoas processadas ou presas por tráfico. Romano diz que a organização do tráfico na região cresceu muito nos últimos dois anos. "É uma quadrilha de tráfico interestadual, que traz a droga do Norte do país e distribui a partir daqui."
Ele acredita que os traficantes sabiam que se tratava de um sequestro. "A gente supõe que, se eles [traficantes" permitiram que entrassem aqui e permanecessem, é porque sabiam qual era o objetivo", disse.
O advogado dos sequestradores de Olivetto, Iberê Bandeira de Mello, afirmou ontem que "não existe a menor hipótese de a ligação existir". Segundo ele, não há nenhum indício que mostre que o grupo teve apoio de traficantes. "Se existisse essa ligação, eles não precisariam ter apresentado documentação falsa para alugar a chácara", disse o advogado.
O grupo só foi preso porque um homem que fazia bico em uma imobiliária avisou policiais militares que estrangeiros tentavam alugar uma chácara sem apresentar documentos.



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