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"Qualquer um de nós poderia ter morrido"
ANDRÉ PORTO
DO "AGORA"
Parecia só mais uma reportagem de rotina. Parecia. Às 11h,
quando cheguei ao terreno invadido no ABC, encontrei outros colegas, inclusive La Costa.
Logo fiquei sabendo que os
sem-teto não queriam conversar com a imprensa. Como todos, aguardei horas em frente
ao portão.
Em um momento, La Costa
se afastou dali -provavelmente para tentar alguma imagem
de outro ângulo. Voltou. Em
seguida, o assassino apareceu.
Foi tudo muito rápido. Quando vi, o homem, de capa, havia
sacado um revólver e atirado
em La Costa, que estava bem ao
meu lado.
De máquina em punho, tive
duas reações instintivas. As
pernas moveram-se para trás,
mas o dedo começou a disparar, a fotografar. Não quis olhar
para a cena. Minutos depois de
o colega ser levado para o hospital, eu e os outros fotógrafos
ainda parecíamos não entender o ocorrido. Algo, porém,
era muito claro: qualquer um
de nós poderia ter morrido ali.
André Porto, 30, é repórter-fotográfico do "Agora" e testemunhou o assassinato de Luis Antônio da Costa
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