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VIOLÊNCIA
Morte de garota foi dada como esclarecida, mas investigação foi retomada
Polícia Militar não apresenta cabo suspeito de assassinato
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de o PM suspeito de matar uma garota de 13 anos estar "à
sua disposição", a Corregedoria
da Polícia Militar de São Paulo
não o apresentou ontem à Polícia
Civil para ele que fosse submetido
à reconhecimento formal das testemunhas do crime.
Também houve mudanças na
linha da investigação do DHPP
(Departamento de Homicídios e
Proteção à Pessoa), que apura o
caso e chegou a dar o crime como
esclarecido anteontem e que, ontem, voltou atrás.
"Até agora, todos os atos da PM
não indicam colaboração. Muito
pelo contrário", afirmou ontem o
ouvidor da polícia paulista, Itajiba
Farias Ferreira Cravo. "A Ouvidoria também esperava que o DHPP
cumprisse a decisão de pedir a
prisão do suspeito, porque há indícios para isso."
Por foto, duas testemunhas
apontaram um cabo da PM como
o autor do disparo que atingiu a
garota no último domingo, na favela do Mangue, em Sapopemba
(zona leste de São Paulo). O reconhecimento estava marcado para
as 15h, no DHPP.
O cabo, no entanto, não foi levado ao local pela PM, apesar de já
estar à disposição da Corregedoria. A PM disse, segundo o relato
dado pelo DHPP ao ouvidor da
polícia, que só o cabo foi localizado e que os outros policiais suspeitos de acompanhá-lo no crime
não foram encontrados. Todos os
policiais seriam apresentados ao
mesmo tempo, em outra ocasião.
"Essa desculpa é pífia. Foi o cabo que foi reconhecido, por foto,
pelas testemunhas. Enquanto a
questão não se resolve, os moradores da favela, que dizem que já
foram ameaçados, ficam à mercê
de outras arbitrariedades", diz o
ouvidor da polícia.
A assessoria da Secretaria da Segurança Pública deu outra versão
para a não-apresentação do cabo:
o policial estava sendo ouvido na
Corregedoria da PM no mesmo
horário. O cabo está "à disposição" da Corregedoria, segundo a
secretaria, mas não está sob prisão administrativa.
"Em casos de homicídios dolosos [com intenção], cabe à Polícia
Civil a apuração da autoria. Ela
tem prioridade", critica Cravo.
As testemunhas reuniram-se
em uma entidade de direitos humanos. Iriam ao DHPP assim que
o PM fosse apresentado. Como isso não ocorreu, voltaram para
suas casas, um dia depois de vários moradores afirmarem terem
sido ameaçados por outros PMs.
Mudanças
A Polícia Civil também mudou
de posição sobre o resultado das
investigações. Em nota oficial anteontem, divulgada pela Secretaria da Segurança Pública, o diretor do DHPP, Domingos Paulo
Neto, informou que o caso já estava esclarecido e que a prisão temporária do policial militar seria
solicitada ontem à Justiça.
Ontem, porém, outra nota divulgada, agora assinada pela assessoria de comunicação da mesma secretaria, desmente a primeira. "A investigação criminal está
em andamento no DHPP e também a Corregedoria da Polícia
Militar continua procedendo a
apuração. Após análise de todos
os subsídios coletados, será feito
pedido de prisão temporária do
suspeito", diz a nota.
Segundo a secretaria, a prisão
do cabo não foi pedida porque a
polícia resolveu analisar melhor
os "subsídios" da investigação. O
caso, ao contrário da primeira nota, não estaria esclarecido. A assessoria não informou, no entanto, se houve um fato novo que
provocou a mudança de posição.
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