São Paulo, sábado, 24 de julho de 2004

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Polícia Civil apreende uma tonelada de coca

DA REPORTAGEM LOCAL

Com nota fiscal e o produto bem armazenado em barricas, como um produto químico qualquer, os suspeitos afirmavam tranqüilamente aos policiais que o material apreendido não passava de lidocaína (substância usada como analgésico local) e até perguntavam quando a carga seria liberada. A perícia mostrou, porém, que era cocaína e pesava cerca de uma tonelada.
É a maior apreensão desse tipo de droga realizada pela Polícia Civil de São Paulo, segundo o Denarc (Departamento de Investigações Sobre Narcóticos).
No ano passado, a Polícia Federal também apreendeu uma quantidade semelhante de cocaína no Estado de uma única vez. O recorde no país ocorreu no Tocantins, em 1994, com 7,4 toneladas da droga.
Nesta semana, a apreensão de uma tonelada de cocaína em São Bernardo do Campo (Grande SP) também revelou detalhes de um esquema usado para burlar a fiscalização e conseguir produtos químicos para misturar a cocaína e conseguir uma maior quantidade, segundo o diretor do Denarc, delegado Ivaney Cayres de Souza.
"Por meio dessas empresas nós vamos tentar chegar aos líderes do tráfico", diz Souza.
Dois homens foram presos com a droga na quarta-feira passada. A cocaína estava em barricas de papelão em uma Kombi. Em um espaço alugado em uma transportadora de São Bernardo, a droga estava pronta para ser entregue quando ocorreu a prisão. O caso era investigado havia seis meses por policiais do Nape (Núcleo de Proteção às Escolas).
Emerson Ribeiro, 30, seria o chefe do esquema de tráfico e proprietário de um laboratório de manipulação em Jabaquara, zona sul de São Paulo. Também foi preso Marcos Francisco da Silva, 36, que faria a entrega da droga.
A polícia não permitiu que eles falassem com a imprensa e os dois não estavam acompanhados de advogado ontem. Nenhum deles tinha passagem pela polícia.

Laboratórios
Segundo o Denarc, essa prisão faz parte de uma investigação sobre laboratórios de manipulação e distribuidores de produtos químicos que já dura um ano. A lidocaína e a cafeína são misturadas com a cocaína para aumentar a quantidade e não modificar muito o efeito.
A Polícia Civil investiga empresas nos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro que podem estar envolvidas com o tráfico. Ribeiro e Silva tinham nota fiscal da compra de lidocaína de um laboratório multinacional, cujo nome não foi divulgado.
Emerson Ribeiro aparece, segundo a polícia, em escutas telefônicas negociando quantias de droga até maiores do que a apreendida nesta semana. Sempre bem-humorado -ele dá várias gargalhadas durante as conversas-, Ribeiro fala na chegada de duas toneladas.
"Porque hoje vai vir 2.000 [quilos de cocaína, segundo a polícia]. Hoje eu pego 800 e amanhã eu pego o restante, porque o carro é pequeno", diz ele em uma conversa com um comprador, segundo escuta feita pelo Denarc.
(GILMAR PENTEADO)


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