|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Polícia Civil apreende uma tonelada de coca
DA REPORTAGEM LOCAL
Com nota fiscal e o produto
bem armazenado em barricas, como um produto químico qualquer, os suspeitos afirmavam
tranqüilamente aos policiais que
o material apreendido não passava de lidocaína (substância usada
como analgésico local) e até perguntavam quando a carga seria liberada. A perícia mostrou, porém, que era cocaína e pesava cerca de uma tonelada.
É a maior apreensão desse tipo
de droga realizada pela Polícia Civil de São Paulo, segundo o Denarc (Departamento de Investigações Sobre Narcóticos).
No ano passado, a Polícia Federal também apreendeu uma
quantidade semelhante de cocaína no Estado de uma única vez. O
recorde no país ocorreu no Tocantins, em 1994, com 7,4 toneladas da droga.
Nesta semana, a apreensão de
uma tonelada de cocaína em São
Bernardo do Campo (Grande SP)
também revelou detalhes de um
esquema usado para burlar a fiscalização e conseguir produtos
químicos para misturar a cocaína
e conseguir uma maior quantidade, segundo o diretor do Denarc,
delegado Ivaney Cayres de Souza.
"Por meio dessas empresas nós
vamos tentar chegar aos líderes
do tráfico", diz Souza.
Dois homens foram presos com
a droga na quarta-feira passada. A
cocaína estava em barricas de papelão em uma Kombi. Em um espaço alugado em uma transportadora de São Bernardo, a droga estava pronta para ser entregue
quando ocorreu a prisão. O caso
era investigado havia seis meses
por policiais do Nape (Núcleo de
Proteção às Escolas).
Emerson Ribeiro, 30, seria o
chefe do esquema de tráfico e proprietário de um laboratório de
manipulação em Jabaquara, zona
sul de São Paulo. Também foi preso Marcos Francisco da Silva, 36,
que faria a entrega da droga.
A polícia não permitiu que eles
falassem com a imprensa e os dois
não estavam acompanhados de
advogado ontem. Nenhum deles
tinha passagem pela polícia.
Laboratórios
Segundo o Denarc, essa prisão
faz parte de uma investigação sobre laboratórios de manipulação
e distribuidores de produtos químicos que já dura um ano. A lidocaína e a cafeína são misturadas
com a cocaína para aumentar a
quantidade e não modificar muito o efeito.
A Polícia Civil investiga empresas nos Estados de São Paulo e do
Rio de Janeiro que podem estar
envolvidas com o tráfico. Ribeiro
e Silva tinham nota fiscal da compra de lidocaína de um laboratório multinacional, cujo nome não
foi divulgado.
Emerson Ribeiro aparece, segundo a polícia, em escutas telefônicas negociando quantias de
droga até maiores do que a
apreendida nesta semana. Sempre bem-humorado -ele dá várias gargalhadas durante as conversas-, Ribeiro fala na chegada
de duas toneladas.
"Porque hoje vai vir 2.000 [quilos de cocaína, segundo a polícia].
Hoje eu pego 800 e amanhã eu pego o restante, porque o carro é pequeno", diz ele em uma conversa
com um comprador, segundo escuta feita pelo Denarc.
(GILMAR PENTEADO)
Texto Anterior: Segurança: Região de Congonhas terá reforço policial Próximo Texto: Panorâmica - Aeronáutica: Jovem morre em exame de aptidão física Índice
|