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Procurador vai apurar pressão a pilotos para não relatar problemas
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público do Trabalho de São Paulo iniciou ontem uma investigação sobre as
condições de trabalho de pilotos, principalmente sobre possíveis pressões das empresas
para que não relatem a outros
órgãos problemas nas pistas e
nas aeronaves, com o objetivo
de evitar atraso nos vôos.
Desde outubro do ano passado, a Procuradoria Regional do
Trabalho apura a situação de
trabalho de controladores de
vôo. A investigação foi aberta
depois do acidente com o avião
da Gol. Um das linhas de investigação é sobre a suposta pressão sofrida por controladores
para operar mesmo sem condições ideais de segurança.
Com o acidente no último dia
17, os procuradores resolveram
estender a investigação para os
pilotos. "Fomos informados de
que existe um temor dos pilotos em fazer o reporte [comunicação por rádio por escrito de
problemas na pista ou na aeronave] a outros órgãos", disse o
procurador Fábio Fernandes.
Segundo ele, pilotos têm medo de receber represálias da
empresa se informarem problemas que causem atraso no
fluxo de vôos. Uma dessas situações, segundo o procurador,
é sobre as informações repassadas pelo piloto aos controladores sobre as condições da pista,
que podem determinar o fechamento ou não do aeroporto.
"Avião voando é o que interessa", afirmou o procurador,
que é alvo de uma representação do comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, encaminhada à Corregedoria Geral do
Ministério Público do Trabalho. "Encaminhei um e-mail
aos controladores informando
sobre um seminário sobre assédio moral e ele interpretou isso
como um incitamento."
Segundo Fernandes, o procedimento para apurar a situação
dos pilotos também deve ser
feito pelos três procuradores
que já investigam as condições
de trabalho dos controladores.
Para Carlos Camacho, diretor de segurança de vôo do Sindicato Nacional dos Aeronautas, existe uma "cultura de reportar o mínimo possível".
"Existe o temor de represália
por parte da empresa, sim. E o
piloto deixa de fazer o relatório
para órgãos de fiscalização e
para o sindicato."
A assessoria de imprensa do
Snea (Sindicato Nacional das
Empresas Aeroviárias) afirmou que a entidade não falaria
sobre o caso porque não foi comunicada oficialmente sobre o
procedimento do Ministério
Público do Trabalho.
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