São Paulo, terça-feira, 24 de julho de 2007

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Procurador vai apurar pressão a pilotos para não relatar problemas

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público do Trabalho de São Paulo iniciou ontem uma investigação sobre as condições de trabalho de pilotos, principalmente sobre possíveis pressões das empresas para que não relatem a outros órgãos problemas nas pistas e nas aeronaves, com o objetivo de evitar atraso nos vôos.
Desde outubro do ano passado, a Procuradoria Regional do Trabalho apura a situação de trabalho de controladores de vôo. A investigação foi aberta depois do acidente com o avião da Gol. Um das linhas de investigação é sobre a suposta pressão sofrida por controladores para operar mesmo sem condições ideais de segurança.
Com o acidente no último dia 17, os procuradores resolveram estender a investigação para os pilotos. "Fomos informados de que existe um temor dos pilotos em fazer o reporte [comunicação por rádio por escrito de problemas na pista ou na aeronave] a outros órgãos", disse o procurador Fábio Fernandes.
Segundo ele, pilotos têm medo de receber represálias da empresa se informarem problemas que causem atraso no fluxo de vôos. Uma dessas situações, segundo o procurador, é sobre as informações repassadas pelo piloto aos controladores sobre as condições da pista, que podem determinar o fechamento ou não do aeroporto.
"Avião voando é o que interessa", afirmou o procurador, que é alvo de uma representação do comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, encaminhada à Corregedoria Geral do Ministério Público do Trabalho. "Encaminhei um e-mail aos controladores informando sobre um seminário sobre assédio moral e ele interpretou isso como um incitamento."
Segundo Fernandes, o procedimento para apurar a situação dos pilotos também deve ser feito pelos três procuradores que já investigam as condições de trabalho dos controladores.
Para Carlos Camacho, diretor de segurança de vôo do Sindicato Nacional dos Aeronautas, existe uma "cultura de reportar o mínimo possível". "Existe o temor de represália por parte da empresa, sim. E o piloto deixa de fazer o relatório para órgãos de fiscalização e para o sindicato."
A assessoria de imprensa do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias) afirmou que a entidade não falaria sobre o caso porque não foi comunicada oficialmente sobre o procedimento do Ministério Público do Trabalho.


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