ANDRÉ MUGGIATI
da Reportagem Local

A Justiça decretou ontem a prisão temporária de Élcio Ferreira da Silva, o principal acusado de vender o remédio contra câncer de próstata Androcur falso para várias distribuidoras.
A prisão de Silva foi pedida pelo delegado-titular do 1º DP de Santo André, Guerdson Ferreira, que investiga o caso.
O delegado obteve ontem também um mandado de busca e apreensão em um apartamento de Silva na Vila Santa Catarina.
Na casa, foi encontrada uma nota fiscal da empresa Minister preenchida em nome de Silva.
As notas da empresa, falida desde 1996, foram usadas para vender o remédio Androcur para as distribuidoras Ação, de Belo Horizonte, Canaã, de Campinas, e Medsul, de São Paulo.
Os donos dessas empresas, em depoimento à polícia, disseram que Silva fez a venda do remédio dizendo ser da Minister.
A Folha esteve anteontem no endereço onde a polícia fez a busca, mas um porteiro do prédio informou que Silva não aparecia lá havia pelo menos um mês.
Segundo o delegado Ferreira, ele muda constantemente de endereço, o que deve dificultar a sua prisão. Além da nota fiscal da Minister, a polícia apreendeu também várias fotografias.
O inquérito no 1º DP de Santo André foi instaurado em janeiro, quando um comerciante de carros denunciou ter recebido 500 caixas do remédio falso como garantia de um cheque sem fundos.
O carro havia sido comprado por um dono de farmácia de São José do Rio Preto, que disse ter adquirido o remédio de Silva.
Ele também é apontado por Haroldo Abreu, dono da distribuidora PAS, de Santo André, como fornecedor do Androcur falso.
A PAS repassou o remédio para a distribuidora Dipron, que vendeu 500 unidades para o hospital Hélio Angotte, de Uberaba (MG).
A Canaã e a Medsul também revenderam o remédio falso para a Ação, de Belo Horizonte.

Mortes
A Ação, por sua vez, distribuiu o Androcur falso para pelo menos sete Estados do país. Suspeita-se que pelo menos dez pessoas já tenham morrido em decorrência do consumo do Androcur falsificado.
Em inquérito que corre em Belo Horizonte, a Ação é acusada de vender o medicamento mesmo depois de saber que era falso.



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