São Paulo, Sábado, 24 de Julho de 1999
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NA CÂMARA
Relatórios devem ficar prontos em 15 dias e mandados ao plenário, onde decisão final será tomada
Comissões irão pedir a cassação dos mandatos de Maeli Vergniano e de Izar

OTÁVIO CABRAL
da Reportagem Local

Os relatórios finais das comissões processantes que analisam as denúncias contra Maeli Vergniano (sem partido) e José Izar (PFL) vão pedir a cassação dos mandatos dos dois vereadores.
A Folha apurou com membros das duas comissões que é praticamente unânime a conclusão de que os dois vereadores devem perder os mandatos.
Os relatórios devem ser concluídos dentro de 15 dias e enviados ao plenário, que toma a decisão final sobre a cassação.
A fase de investigação da comissão de Izar terminou ontem, com os depoimentos de duas testemunhas de acusação. Já a comissão de Maeli acaba hoje a investigação, ouvindo as últimas nove testemunhas (leia texto ao lado).
Oficialmente, os membros das comissões não podem declarar suas opiniões antes do final dos trabalhos. Mas, em conversas informais, os vereadores afirmam que a situação de Maeli e Izar é ainda pior do que a de Vicente Viscome (expulso do PPB), que já teve seu mandato cassado.

Izar
A pior situação é a de Izar, acusado de irregularidades na Administração Regional da Lapa. Contra ele, há provas materiais, como um cheque de propina na conta de um assessor e documentos apresentados por um comerciante extorquido por fiscais daquela regional.
Para piorar, Izar conquistou a antipatia dos sete membros da comissão por três motivos: não ter comparecido para prestar depoimento, não enviar advogado para participar das sessões e ter entregue uma defesa com apenas três páginas, desacreditando o trabalho da comissão.

Maeli
As acusações contra Maeli também são acompanhadas de provas materiais, como o boletim de ocorrência do roubo de um carro cedido pela Vega Ambiental para uso particular da vereadora.
A tática de defesa de Maeli, segundo um membro da comissão, foi intimidar os vereadores que a investigam.
Ela procurou os membros e disse ter dossiês de irregularidades cometidas por eles. Caso a comissão decida por sua cassação, ela promete divulgar os dossiês.
Mas as ameaças não assustaram a comissão. Na opinião de um vereador, ninguém tem coragem de "segurar o rojão" de absolver Maeli e Izar.
Além disso, há um acordo dos vereadores governistas para "limpar a imagem" da Câmara, que teve início com a cassação de Viscome e inclui as punições a Izar e Maeli e a aprovação de projetos populares.
Por isso, há pressa em concluir rapidamente os trabalhos das comissões e enviar os relatórios ao plenário logo após o recesso, para que os vereadores iniciem o segundo semestre com uma melhor imagem perante a população.
A decisão final sobre a cassação dos mandatos de Izar e de Maeli depende do plenário. Após o recebimento dos relatórios, o presidente da Câmara, Armando Mellão, tem dez dias para marcar sessões extras de julgamento.
Em votações secretas, os vereadores decidem o futuro de Izar e Maeli. Para haver a cassação, são necessários 37 votos. Não podem votar os envolvidos e o autor da denúncia, José Eduardo Cardozo (PT), presidente da extinta CPI da máfia da propina.


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