São Paulo, sábado, 24 de agosto de 2002

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VIOLÊNCIA

Segundo a polícia, assaltantes que mantiveram 21 reféns podem integrar grupo especializado em roubar sacoleiros

Ônibus de turismo são alvo de quadrilha

Ricardo Lima/Folha Imagem
Passageiros são levados para prestar depoimento após o assalto (acima); reféns sa abraçam


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A Polícia Civil de Jundiaí investiga a participação dos dois homens presos anteontem na cidade, que mantiveram 21 passageiros reféns em um ônibus de turismo, em uma quadrilha especializada em roubos a sacoleiros que viajam para o Paraguai. Pelo menos dois crimes semelhantes ao ocorrido anteontem foram registrados neste ano naquela região.
O sequestro do ônibus de turismo terminou após cinco horas de negociação, por volta da 0h de ontem, com a liberação dos últimos 13 reféns e a rendição de Elias de Moraes Américo, 35, e Sílvio César Fonseca Assunção, 31.
Durante a ação, o motorista do ônibus, Celso Martins de Oliveira, foi baleado nas nádegas após troca de tiros entre os assaltantes e a polícia. Ele foi encaminhado ao Hospital São Vicente de Paula, em Jundiaí (60 km de SP), e passa bem. Um dos criminosos, Assunção, foi atingido na perna.
O sequestro foi descoberto após dois irmãos que estavam no ônibus pularem pela porta da frente do veículo e avisarem a polícia.
De acordo com a polícia, Américo e Assunção anunciaram o assalto durante uma parada no posto Terceiro Centenário, em Jundiaí, na rodovia via Dom Gabriel Paulino Bueno Couto (SP-300), que liga a cidade a Itu.
"Um deles estava uniformizado com o fardamento da polícia", disse o tenente da Força Tática de Jundiaí, Marlon Robert Niglia, que negociou com a dupla.
A Polícia Militar descartou a possibilidade de os assaltantes serem os mesmos que mataram dois policiais anteontem na fazenda Paissandu, no bairro São Domingos, em Campinas.
Segundo familiares das vítimas, o ônibus havia saído de Bragança Paulista, às 18h, com 23 pessoas, e passaria por Jundiaí, com destino a Foz do Iguaçu (PR). O retorno aconteceria hoje.
Os irmãos Cláudio Ferreira de Brito, 52, e Gilmar Ferreira de Brito, 46, pularam do ônibus ao perceber a tentativa de assalto e telefonaram para a polícia. Na sequência, os policiais fizeram um cerco ao veículo, obstruindo parte da pista no km 69 da rodovia SP-300 com um caminhão.
A polícia informou que, durante as negociações, Moraes pediu a presença da irmã, Marta de Moraes, 40, e do advogado dele. No entanto foi a participação da advogada Jussara Caetano Fonseca, 30, que estava no ônibus, que acabou resultando na rendição.
Os dois assaltantes estão presos na Cadeia Pública de Jundiaí. Segundo a delegada da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) em Jundiaí, Maristela Lima Antonia, Américo já foi preso por roubo, além de tráfico e porte de drogas.
"Ele estava em regime de progressão aberta desde 21 de fevereiro deste ano", disse. No depoimento, a dupla preferiu não falar.
Segundo o delegado seccional de Jundiaí, Paulo Bicudo, os assaltantes têm características que os enquadram em quadrilhas especializadas nesse tipo de assalto.
"Estamos apurando se há mais pessoas ligadas a eles", declarou Bicudo, que acredita que a ação dos assaltantes tenha sido planejada por mais alguém.
Segundo a polícia, os assaltantes teriam pego dinheiro -US$ 1.900 e R$ 9.900- dos passageiros, além de telefones celulares, que foram devolvidos.
"Usar metralhadora não é coisa comum. Na minha opinião, acho que eles possam ser os mesmos que assaltaram alguns ônibus de sacoleiros que passam por Itu e Itupeva", disse a delegada.


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