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ADMINISTRAÇÃO
Proposta que obriga prestador de serviços a se inscrever em cadastro municipal deve entrar em vigor em 2006
Serra negocia, anistia devedor e muda ISS
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Câmara Municipal de São
Paulo aprovou ontem, em segunda e definitiva votação, o projeto
de lei que muda a cobrança do ISS
(Imposto Sobre Serviços) na cidade. A intenção é reduzir fraudes
praticadas por empresas particulares que abrem sedes fictícias em
outros municípios que cobram
alíquotas menores do imposto,
mas continuam prestando serviços na capital paulista.
Na prática, esse mecanismo de
elisão fiscal traz prejuízo aos cofres públicos e alivia a carga tributária de quem se utiliza dele.
A estratégia é largamente utilizada em cidades vizinhas a São
Paulo. Em Santana do Parnaíba, a
apenas 60 km da capital, por
exemplo, as empresas pagam somente 0,74% de ISS. Na capital, o
imposto varia de 2% a 5%, dependendo da natureza do serviço.
Em Campina do Monte Alegre,
com apenas 5.000 habitantes, havia cerca de 1.500 empresas registradas -a maioria fictícia.
O projeto aprovado pela Câmara prevê três mudanças:
1) O prestador de serviços de
outra cidade que faz trabalhos na
capital paulista será obrigado a se
inscrever no cadastro da Secretaria Municipal das Finanças
-possibilitando que a prefeitura
cheque se ele está mesmo instalado no município declarado ou se é
apenas um endereço virtual, de
fachada, para pagar ISS menor;
2) o prestador do serviço se responsabilizará pelo pagamento do
imposto caso quem o contratou
(o ente que originalmente deveria
recolher o imposto) não honre o
compromisso de pagar no prazo;
3) o prazo para inscrever na dívida ativa do município a empresa que não paga o ISS devido será
aumentado de dez para 90 dias.
As mudanças passam a valer a
partir de janeiro de 2006, segundo
vereadores da base governista, e
abrangem não apenas empresas
fictícias mas também firmas que
trabalham corretamente em outros municípios, mas prestam serviços na capital paulista.
O projeto era uma das prioridades da administração José Serra
(PSDB), que espera aumentar a
arrecadação dos cofres públicos
em pelo menos R$ 100 milhões
por ano com a mudança.
Para aprovar o novo ISS, o prefeito teve de negociar com vereadores, principalmente os que
compõem o "centrão", grupo que
se diz independente. Os entendimentos envolveriam a troca do
voto por cargos na administração
municipal -prática condenada
por Serra durante a campanha
eleitoral de 2004.
Dois negociadores do prefeito
disseram à Folha, sob sigilo, que
alguns vereadores receberão cargos nas subprefeituras. O secretário de Governo, Aloysio Nunes
Ferreira, nega. "Não há problemas em receber sugestões de vereadores, mas o comando é do
prefeito, que em alguns casos até
tem aproveitado [as sugestões]."
O Executivo também incluiu na
última hora anistia para devedores de ISS e a devolução da taxa de
limpeza pública cobrada pela gestão de Celso Pitta. Com essas alterações, a proposta foi aprovada
por unanimidade: por 45 a 0.
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