São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 2005

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AMBIENTE DEGRADADO

Para a companhia, há suspeita de contaminação da água subterrânea e do solo

Cetesb alerta para contaminação de poços na zona sul

AFRA BALAZINA
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A região de Santo Amaro é considerada crítica pela Cetesb em razão da contaminação da água subterrânea e do solo por substâncias tóxicas. Por isso, a companhia quer restringir o uso de água de poços artesianos na área, localizada na zona sul de São Paulo.
Até agora, sete poços foram lacrados e outros 90 devem ser analisados. Segundo a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), há uma forte suspeita de contaminação regionalizada por causa de indústrias atualmente instaladas na área ou empresas que passaram pelo local em outras épocas.
"Será alterado o critério para outorga de poços no local. Não serão concedidas outorgas facilmente e, quando houver aprovação, haverá um monitoramento muito mais rigoroso dos poços", disse ontem Alfredo Rocca, gerente da divisão de áreas contaminadas da Cetesb.
A preocupação com a área começou quando a Gillette do Brasil fez uma auto-denúncia e informou que em seu terreno havia solventes clorados -substâncias tóxicas que podem causar câncer- na água e no solo.
Por enquanto, foram identificados 30 poços autorizados na área e outros 60 clandestinos. No caso dos autorizados, a Cetesb vai exigir dos proprietários que seja feita uma análise completa da qualidade da água. Em relação aos demais, dividirá com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) a análise em seus laboratórios.
Já se sabe, entretanto, que em grande parte dos clandestinos a água não é adequada ao consumo. "Recomendamos que, por precaução, todos suspendam o uso da água subterrânea", afirmou o diretor de controle da poluição ambiental da Cetesb, Otávio Okano.
Na região, indústrias, casas e prédios residenciais possuem poços artesianos. Okano também recomenda que os moradores de edifícios peçam uma análise de seus poços.
Por lei, as análises devem conter dados sobre aproximadamente 50 parâmetros diferentes -presença de coliformes, de substâncias químicas que trazem risco à saúde e de radioatividade, por exemplo. Entretanto, muitas vezes as análises de laboratórios particulares apresentam poucos parâmetros, prejudicando a avaliação sobre sua qualidade.
A Comissão de Defesa do Meio Ambiente da Assembléia Legislativa de São Paulo aprovou ontem um requerimento que convoca o presidente da Cetesb, Rubens Lara, para prestar esclarecimentos sobre os danos ambientais na área industrial de Santo Amaro.


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