ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

Vinte endereços da cidade de São Paulo voltarão a ser fiscalizados a partir de hoje por equipamentos que fotografam veículos passando no semáforo vermelho.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) revelou ontem que as câmeras instaladas na década de 90 estavam desativadas desde outubro do ano passado.
As multas por ultrapassagem irregular nos semáforos vinham sendo aplicadas só por marronzinhos. Segundo a CET, outros 37 equipamentos, conhecido como "caetanos", serão instalados dentro de um mês, totalizando 57. Os "caetanos" receberam esse nome em referência ao cantor Caetano Veloso, que reclamava da falta de respeito no trânsito.
Diferentemente dos radares de controle da velocidade e de rodízio, eles são operados pela própria CET, e não por empresas terceirizadas. A companhia diz que os aparelhos passaram por revitalização antes de voltar a funcionar.
Eles serão instalados principalmente em áreas centrais, como na esquina da São João com Ipiranga. As avenidas Brasil, do Estado, Santos Dumont, Francisco Matarazzo e Eusébio Matoso também estão na lista.
A multa por ultrapassagem no semáforo vermelho é de R$ 191,54 (além de sete pontos no prontuário). A CET afirma que os aparelhos não multam à noite, mas não dá detalhes sobre os horários.
A situação dos "caetanos" é semelhante à dos aparelhos que flagram os veículos que invadem a faixa exclusiva dos ônibus, que também foram desligados em outubro de 2004, mas voltaram a funcionar em junho deste ano.
O desligamento ocorreu por falta de homologação do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia) e mudanças de normatização federal, situações poderiam provocar contestações judiciais.
Os equipamentos que flagram os veículos no semáforo vermelho já totalizaram 80 na capital paulista, mas acabaram sucateados.
Em 1997, foram registradas 562 mil infrações desse tipo, perdendo só para as de velocidade e as de estacionamento proibido. Em 2004, houve 150 mil, ficando em sexto lugar no ranking das multas mais aplicadas.

200 demissões
A volta dos "caetanos" na gestão José Serra (PSDB), ao lado de outros radares de velocidade e rodízio, se dá em meio a cortes de empregados na CET. A empresa confirmou ontem que as demissões iniciadas na última sexta-feira atingem 200 empregados, 6% do custo de sua folha de pagamento.
O corte levou a categoria a ameaçar greve. O sindicato que representa os marronzinhos diz que fará uma assembléia em duas semanas para propor paralisação.
Em nota, a CET informou que, apesar das demissões, está contratando 40 novos agentes de trânsito com salário próximo de R$ 1.600. O sindicato diz que os atuais funcionários na mesma função ganham quase R$ 1.900.
A CET também afirma não prever prejuízos ao trânsito. Diz que "os equipamentos eletrônicos" implementados vão complementar a ação dos fiscais, e não substituí-los, e que a adoção de novas tecnologias, como palmtops, facilita a ação dos marronzinhos.
Segundo a CET, a maioria dos demitidos "estava locada em atividades internas". A empresa não diz quantos. O Sindviários, que representa a categoria, afirma que a maioria é do setor operacional.
A melhoria do trânsito foi uma bandeira da campanha de Serra, que prometia investir na CET 95% de todos os recursos arrecadados com as multas.