São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 2002

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RIO

"Temos o Aldney Maluco", diz Marina Maggessi, que comandou a prisão de Elias Maluco, sobre ataques à ida de traficantes para batalhões

Inspetora faz críticas a corregedor-geral

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Principal organizadora da operação que resultou na prisão do traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, a chefe de investigações da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes), inspetora Marina Maggessi, criticou ontem o corregedor-geral de Polícia Unificada, Aldney Peixoto.
"Com a prisão do Elias Maluco, agora temos o Aldney Maluco", afirmou a inspetora, referindo-se ao fato de o corregedor ter considerado perigoso manter criminosos como Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, em batalhões da PM (Polícia Militar).
Para Marina, o "Batalhão de Choque [onde Maluco e Beira-Mar estão presos" é o lugar mais seguro que existe e seus policiais são bem preparados". "Além disso, é uma solução provisória. Quando acabar a reforma de Bangu 1, os caras voltam para lá."
Informado das declarações pela Folha, o corregedor evitou polemizar. Ele disse que não comentaria as declarações de Marina.
A irritação da inspetora com o corregedor vem de quando Elias Maluco era procurado pela polícia. Ela diz que Maluco passou os últimos três meses no complexo do Alemão (zona norte do Rio) e que são "infundadas" as investigações de Peixoto sobre uma suposta propina de R$ 600 mil paga pelo traficante a policiais do 7º Batalhão (São Gonçalo).
Maluco foi preso na semana passada. Ele é acusado de chefiar o bando que matou, em 2 de junho, o jornalista Tim Lopes, da TV Globo.

Sem vocação
Policial há 13 anos, Marina, 40, conta que entrou na polícia pelo dinheiro e não por vocação. "Trabalhava na Embratel, que reduziu meu salário. Vi que a polícia pagava mais, resolvi fazer o concurso e passei", disse.
Separada e sem filhos, ela passou por duas delegacias de bairro até trabalhar no setor de operações da DRE, quando foi convidada pelo delegado Álvaro Lins (chefe da Polícia Civil no governo Anthony Garotinho) para chefiar o setor de investigações.
Moradora da zona norte, a policial disse que anda com duas pistolas, mas não tem medo da violência. Faz análise há 18 anos.
"O Rio é uma cidade como outra qualquer, que possui lugares onde não podemos ir. Porém, não existe essa de que não se pode sair de casa porque vai acontecer uma guerrilha", disse a inspetora, que não permite ser fotografada.
Para Marina, seu trabalho passou a ser valorizado pelo secretário de Segurança Pública, Roberto Aguiar, que teria dado uma autonomia maior à Polícia Civil.
"Vínhamos apanhando bastante por causa de uma guerra de poderes. O antigo secretário [coronel Josias Quintal] é PM."
A inspetora disse que a polícia do Rio, mesmo mal preparada, é "a melhor do mundo".
A policial é contra a legalização das drogas. Para ela, o problema no Rio não é traficar, mas consumir. "Se liberar, o consumidor que não tiver dinheiro para comprar drogas, vai continuar roubando e matando. Droga é um problema de educação."
Marina diz não acreditar que a violência seja só um problema social. "Se fosse assim, todo pobre seria traficante ou assaltante."


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