São Paulo, sexta-feira, 24 de setembro de 2004

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VIOLÊNCIA

Um dos fundadores da facção criminosa Comando Vermelho, José Carlos dos Reis Encina foi morto ao sair de presídio

Traficante Escadinha é assassinado no Rio

Custódio Coimbra/Agencia O Globo
Pessoas observam os corpos de José Carlos dos Reis Encina, o Escadinha, e Luciano Wanderley, assassinados dentro do carro na av. Brasil


MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

O traficante José Carlos dos Reis Encina, 48, o Escadinha, foi assassinado com dois tiros no rosto na manhã de ontem, na avenida Brasil, uma das principais vias de acesso ao Rio.
Um dos fundadores da facção criminosa Comando Vermelho, Escadinha tornou-se famoso ao fugir de helicóptero do presídio da Ilha Grande (litoral sul fluminense), em 1985.
Escadinha foi morto ao sair do presídio Plácido Sá Carvalho, em Bangu (zona oeste), onde cumpria pena havia cinco anos. Condenado a 51 anos de prisão, tinha passado 18 anos consecutivos na cadeia, desde quando foi recapturado de sua última fuga. A polícia o investigava por suspeita de associação com o tráfico.
Em regime semi-aberto, Escadinha podia sair do presídio às 6h30 e tinha obrigação de voltar até as 20h. Às 7h30 de ontem, o Vectra que dirigia foi fechado por uma motocicleta. Dois homens com fuzis atiraram. Luciano da Silva Wanderley, 30, que cumpria pena no mesmo local e acompanhava Escadinha, também foi morto.
Segundo a polícia, o principal suspeito do crime é um dos sócios de Escadinha na cooperativa de táxis Rio Elite Service. A Folha não conseguiu ouvi-lo.
Condenado a 51 anos por tráfico, associação para o tráfico, roubo, formação de quadrilha e outros crimes, Escadinha dominou durante muito tempo o comércio de drogas no morro do Juramento, hoje dominado pela ADA (Amigo dos Amigos). Foi preso pela primeira vez em 1982. Em 2000, recebeu autorização para visitar quinzenalmente a família. Há dois anos, pôde passar a sair do presídio durante o dia.
De acordo com a inspetora Marina Maggessi, da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública, Escadinha e o sócio se desentenderam depois que a polícia descobriu que a cooperativa estava fornecendo radiotransmissores Nextel a traficantes da facção criminosa CV (Comando Vermelho), rival da ADA.
Maggessi disse que, desde 2003, a polícia apreendeu 17 aparelhos Nextel em nome da cooperativa em presídios de Bangu (zona oeste) e no complexo de favelas do Alemão (zona oeste). Escadinha e o sócio foram chamados para depor em maio. Na audiência, segundo Maggessi, o traficante discutiu com o sócio ao ser informado de que os rádios estavam indo para as mãos de criminosos.
Maggessi informou que os rádios foram usados por vários traficantes do CV, entre eles Eduíno Eustáquio de Araújo Filho, o Dudu, que comandou a invasão à favela da Rocinha na Semana Santa.
Maggessi afirmou não ter informações de que Escadinha teria retornado ao tráfico de drogas no Juramento, mas não descartou a possibilidade de ele ter sido morto em razão de uma guerra entre facções criminosas.


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