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SAÚDE PRIVADA
Limitação foi decidida pelo presidente do STJ, que já havia concedido liminar que estipulava aumento de 26%
Reajuste de 11,7% para plano volta a valer
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do STJ (Superior
Tribunal de Justiça), Edson Vidigal, voltou atrás e permitiu que os
planos de saúde antigos -aqueles assinados antes de 1999- tenham um reajuste de no máximo
11,69% neste ano.
No último dia 14, Vidigal havia
derrubado uma liminar que limitava o reajuste e permitido um
reajuste de até 26,1%. Naquela
ocasião, destacou que "poderia
haver desequilíbrio financeiro para o setor de saúde suplementar"
se não desse o aumento.
Agora, na nova decisão, provocada por um recurso de uma entidade de consumidores de Recife,
entende que a discussão envolve
questões constitucionais, como o
direito à saúde, e por isso envia o
caso ao Supremo Tribunal Federal, que trata dessas matérias.
Até que o STF avalie o assunto,
permanece o limite de 11,69%.
A mudança ocorre dias depois
de a revista "Veja" divulgar que o
presidente do STJ viajou ao Chile
para um encontro sobre planos
de saúde com patrocínio da empresa Amil, operadora do setor.
Vidigal nega que o patrocínio influencie suas decisões que envolvem os planos.
Marta Maria Gomes Lins, coordenadora-jurídica da Aduseps
(Associação de Defesa dos Usuários de Seguros, Planos e Sistemas
de Saúde), de Recife, disse que utilizou esse argumento no recurso,
de que o ministro não poderia decidir sobre o assunto em razão do
patrocínio. Além disso, afirma ter
"apenas reforçado" que os aumentos poderiam levar pacientes
a deixar os planos e sobrecarregar
o sistema público.
"Eu acredito que em parte isso
possa ter influenciado", afirma
Lins sobre o patrocínio.
Transparência
"Tudo transparente. Viajei em
avião da carreira, em horários públicos, registrei-me com meu nome próprio em hotel conhecido.
Fui convidado pelo Instituto dos
Magistrados na condição de presidente do STJ para falar no encerramento", diz Vidigal em texto
divulgado no site do STJ em que
ele nega que o patrocínio possa ter
influenciado sua primeira decisão, de conceder o reajuste.
O presidente afirma ter aceitado
o convite "porque já vinha ruminando a decisão que iria tomar
num processo em que duas entidades -Bradesco e Sul América- reclamavam o restabelecimento de uma resolução da
Agência Nacional de Saúde".
No texto, Vidigal destaca ainda
que a viagem foi "um sacrifício
pessoal", em razão do grande número de compromissos que tinha. E que não pôde voltar por
causa do custo para troca de vôo.
"Seria muito pobre em tudo, em
espírito e em vergonha, o país em
que um magistrado para decidir a
favor do Estado tivesse que se
vender por uma viagem de avião e
algumas horas de hotel, sob os
auspícios da iniciativa privada",
afirma ainda no texto.
A briga por causa do reajuste na
Justiça começou no fim de junho
deste ano, após a Agência Nacional de Saúde Suplementar determinar um reajuste até 26% para
duas empresas, Bradesco Saúde e
Sul América.
A entidade de consumidores de
Recife entrou então com medida
na Justiça Federal para impedir
aumentos nos planos antigos de
todas as empresas.
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