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Policiais fazem ato no centro; Serra pune mais um delegado
Com medo de invasão, prédio da Secretaria da Segurança fechou as portas durante protesto
Serra atribuiu a continuidade da greve,
que já dura oito dias, a sindicatos e à CUT, além
do momento político
Danilo Verpa/Folha Imagem
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Policiais durante caminhada pela rua Líbero Badaró (centro)
DA REPORTAGEM LOCAL
No oitavo dia consecutivo de
greve dos policiais civis, pelo
menos 600 policiais, segundo
os organizadores, realizaram
ontem uma manifestação no
centro de São Paulo que culminou com protesto em frente à
Secretaria da Segurança Pública, na rua Líbero Badaró, para
pedir a renúncia do titular da
pasta, Ronaldo Marzagão.
Entoando o bordão "pede pra
sair", do filme "Tropa de Elite",
e "Para não dizer que não falei
de flores", hino esquerdista de
Geraldo Vandré, os policiais
-alguns deles armados- ficaram em frente ao prédio da secretaria por 40 minutos. Temendo que o prédio fosse invadido pelos manifestantes, as
portas do edifício foram fechadas pela Polícia Militar.
O governo, que já havia suspendido as negociações e
ameaçado cortar o ponto dos
grevistas, afastou ontem dois
delegados de seus cargos.
O primeiro a perder o cargo,
no setor de inteligência da Polícia Civil, foi o presidente da Adpesp (associação dos delegados), Sérgio Marcos Roque, o
que foi interpretado como retaliação pela categoria.
Roque, em entrevista à Folha na semana passada, disse
que os grevistas iriam seguir o
governador para pressioná-lo.
Além de Roque Neto, também foi afastado do cargo o delegado seccional de Barretos,
João Ozinski Júnior.
A Folha apurou que outros
delegados, principalmente do
interior do Estado, onde a adesão é maior, também poderão
perder o cargo por não estarem
conseguindo impedir o apoio
de seus comandados à greve.
Com megafones e carros de
som cedidos pela CUT (Central
Única dos Trabalhadores) e pela Força Sindical, os manifestantes partiram da sede da Adpesp e seguiram em passeata.
O apoio da CUT aos grevistas
foi criticado ontem à tarde pelo
governador José Serra (PSDB),
que vinha evitando dar declarações públicas sobre a greve.
Indagado se as relações entre
governo e grevistas não vêm se
esgarçando, Serra disse que
não e atribuiu à continuidade
da greve a sindicatos e à CUT,
além do momento político, em
plena campanha eleitoral.
"Em todo caso, a responsabilidade não é do lado da Secretaria da Segurança. Aí há muito
movimento sindical, a CUT no
meio, muito ativa, questões políticas. E também desinformação do que o governo se propôs
a fazer desde o primeiro semestre", disse o governador.
Serra disse que o Estado não
pretende fazer nova proposta
aos policiais, que querem 15%
de reajuste imediato, mais duas
parcelas de 12% no ano que
vem e em 2010.
Já o governo oferece um pacote de medidas que, segundo a
Secretaria de Estado de Gestão,
proporcionará aumento de até
38% a delegados, além de outros benefícios aos policiais.
O secretário-geral da CUT,
Adi Lima, disse que a entidade
continuará prestando apoio
aos policiais e que, caso os grevistas peçam, pode até tentar
uma audiência com o governo.
"Lamentamos a atitude do
governador, que tem o papel de
resolver o conflito, e não de criticar uma entidade de classe.
Essa crítica não leva a resolver
o conflito, mas a estimulá-lo."
Ontem, segundo a Delegacia
Geral da Polícia Civil, a adesão
à greve estava abaixo de 40%
em todo o Estado e em cerca de
30%, na cidade de São Paulo.
Por conta da manifestação, a
CET teve que interditar temporariamente diversas ruas do
centro, por volta das 11h.
A Folha falou com 20 dos
manifestantes e constatou que
16 eram da ativa e de delegacias
do interior. Para a organização,
o ato chegou a contar com
2.000 policiais. Para a Secretaria da Segurança, eram 250.
Segundo o comando de greve, a passeata foi uma resposta
ao governo, que determinou à
PM que registrasse boletins de
ocorrência e os enviasse diretamente ao Ministério Público,
sem o intermédio da Polícia Civil. Até ontem, haviam sido elaborados pela PM 548 BOs.
Em junho de 2007, os policiais civis tentaram uma operação-padrão. Em 2003, policiais
civis e militares fizeram uma
grande manifestação no vão livre do Masp.
(LUIS KAWAGUTI, JOSÉ
ERNESTO CREDENDIO e CATIA SEABRA)
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