São Paulo, quinta-feira, 24 de setembro de 2009

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Matrículas em creches do país sobem 6%

Revelado pelo Censo Escolar da Educação Básica, o dado é positivo, já que a demanda por atendimento nessa fase é grande

Nas outras etapas da educação básica, houve queda nas matrículas; motivo é o número menor de nascimentos, diz governo

LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As matrículas em creches (crianças de zero a três anos) aumentaram 6% neste ano nas redes pública e privada do país, na comparação com 2008.
Especialistas apontam que o aumento é positivo, principalmente porque a demanda no país por atendimento nessa fase é grande. Só 18% das crianças de zero a três anos estão na escola, de acordo com a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE).
As creches são a única etapa do ensino básico em que não houve queda no número de alunos, segundo o Censo Escolar da Educação Básica, que mostrou que, no geral, o número de matrículas no país caiu 2,28%.
A tendência de queda deve se manter, segundo o Ministério da Educação, principalmente por causa da questão demográfica. "Nascem menos brasileiros a cada ano. Por isso, o número de crianças na escola cai ano após ano", afirmou o ministro Fernando Haddad.
Ele, no entanto, negou que isso signifique menor atendimento na rede pública de ensino. "A Pnad mostrou que, do ponto de vista proporcional, há mais crianças na escola."
Uma mudança na metodologia também ajudou a reduzir o número de alunos registrados nas escolas do país, de acordo com Haddad. Antes, as escolas enviavam apenas o número de alunos a que atendiam. Pelo novo sistema, eles precisam enviar o nome de cada estudante, além de seus dados básicos.
"Diminuímos a duplicidade de matrículas, que, às vezes, chegava a ser triplicidade."
Os dados do censo são preliminares. Eles são usados no cálculo para o repasse de verba pública para Estados e municípios. Os recursos vão para programas como o da merenda e o do transporte, além do Fundeb (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica).
A partir da divulgação, as redes de ensino têm 30 dias para fazer a conferência, correção e complementação dos dados.
Questionado se a duplicidade de registros estava relacionada a indícios de fraudes em Estados e municípios -com o objetivo de receber repasses maiores-, ele respondeu: "Não necessariamente".

Supletivo
A redução nas matrículas foi maior no EJA (Educação para Jovens e Adultos), o antigo supletivo. Nessa etapa, o número de alunos passou de 4,9 milhões para 4,5 milhões.
Embora seja a mais expressiva do censo, a queda pode não representar um dado negativo, segundo o presidente do Inep (instituto do MEC responsável por avaliações), Reynaldo Fernandes. "Pode significar que os alunos estão ficando no ensino regular e, com isso, ocorre uma redução natural do público. Mas teremos que analisar esse dado mais a fundo."
Na pré-escola, que atende a crianças de quatro a cinco anos, a queda nas matrículas pode estar relacionada a mudanças no ensino fundamental, de acordo com o presidente do Inep.
A partir de 2010, o ensino fundamental ganhará um ano (chegando a um total de nove anos) e passará a receber crianças com seis anos de idade. "Muitas escolas estão em transição, então isso pode ter influenciado os números", afirmou Fenandes.


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