MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local

Paulo Gomes da Costa, 57, assessor do governador de São Paulo licenciado, Mário Covas, foi morto com quatro tiros na noite de anteontem pelo oficial de Justiça Jorge Luiz Pereira.
O oficial fugiu após o crime, mas ontem já negociava sua apresentação à polícia, que deve ocorrer até sexta-feira no 78º DP (Jardins).
O crime ocorreu na academia de Costa, o Centro de Capoeira Ilha da Maré, na avenida Brigadeiro Luís Antonio, no Jardim Paulista (zona sudoeste de São Paulo). A vítima presidia ainda a Associação Brasileira de Capoeira.
Os disparos foram testemunhados por alunos e professores que estavam na academia. Pereira teria escapado da polícia enquanto Costa era atendido no hospital.
Pereira foi até a academia, por volta das 21h de anteontem, acompanhado da localizadora de veículos Adriana Rebecca Cappelletti, 32, que foi ao local apreender um Santana 97. O carro era de Costa, que estava devendo R$ 2.400.
Pereira e Adriana estavam acompanhados do investigador do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa) José Luís Campos Barreiros, 36, que é marido de Adriana.
Segundo o boletim de ocorrência registrado no 78º DP (Jardins), Costa se armou com um facão e reagiu à abordagem de Pereira, que, em revide, atirou.
Segundo testemunhas, a versão é diferente. Pereira entrou na academia perguntando por Costa sem se identificar. Descrito como alto, forte e gordo, Pereira teria, com uma "peitada", derrubado Costa e dito para o mestre de capoeira que estava sendo desacatado.
Segundo Fernando Pereira, 34, professor de capoeira e vice-presidente da associação, o oficial sacou uma pistola automática e Costa foi até o seu escritório, de onde saiu com um facão.
Nesse momento, Pereira fez o primeiro disparo, que atingiu a perna de Costa. O cobrador Cristiano Mendonça Gonçalves Martins, 25, aluno da academia, tentou tirar a pistola das mãos do oficial de Justiça, que deu outro tiro, acertando a mão do cobrador.
Costa saiu da sala e o oficial voltou a atirar. Os tiros atingiram o mestre no tórax e no pescoço. O professor de capoeira Fernando Pereira foi ferido na perna.
Alunos e colegas de Costa foram tentar socorrê-lo, mas afirmam ter sido impedidos por Pereira, que apontava sua arma para cada pessoa que se aproximasse.
Após muita insistência, Pereira permitiu que socorressem o mestre, que chegou morto ao hospital. Ele fugiu levando o facão de Costa.
Oficiais de Justiça só podem usar armas em serviço se tiverem porte de arma registrado no Departamento de Produtos Controlados, onde a Folha apurou que Pereira não possui tal documento.
O corpo de Costa será enterrado hoje, às 9h, no Cemitério São Pedro, em Vila Alpina (zona sudeste de São Paulo). Segundo a mulher do mestre, Aureny Gomes, 43, ele pretendia quitar a dívida do carro.



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