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Documentos desmentem
versão apresentada à USP
FÁTIMA GIGLIOTTI
enviada especial a Estrasburgo
Quem passa pela frente não
imagina que o Café Via Brasilia,
no número 68 da Avenida L'Hopital, em Estrasburgo (França),
comercializa, além de café, chá e
bombons, sofisticadas máquinas
para pesquisa científica. Mas, a
julgar pelos documentos guardados nos arquivos do setor de importações da USP, é este o local
onde o professor Pierre Basmaji
foi buscar auxílio para comprar os
equipamentos russos que usou
em suas pesquisas no Instituto de
Física de São Carlos.
Via Brasilia é, na verdade, o nome fantasia da firma Miassini
France. De acordo com documentos obtidos pela Folha no Tribunal de Instância de Estrasburgo, órgão que mantém o registro
de empresas na região, o dono da
Miassini é Michel Bassmaji (com
um "s" a mais), irmão de Basmaji.
Michel também é dono da Jumana, a outra empresa que intermediou compras de máquinas
russas. Trata-se de uma imobiliária, que funciona no mesmo prédio em que mora a mãe de Basmaji. Na porta, há duas placas:
"SCI Jumana" e "Bassmaji."
O edifício, residencial, fica no
número 199 da Avenida Colmar,
também em Estrasburgo. A Jumana funciona no terceiro andar.
O apartamento da matriarca dos
Bassmaji fica no segundo.
Em depoimento à comissão de
sindicância da USP, Pierre Basmaji havia declarado que seu irmão Michel era apenas funcionário da Miassini e da Jumana. Ele
dissera também que a Jumana estava fechada desde 1995. A documentação obtida pela Folha o
desmente nos dois casos.
Ao chegar a Estrasburgo, a repórter telefonou para a empresa
Miasini France. Atendeu um sujeito que se identificou como senhor Miassini. Ele se disse disposto a prestar informações sobre
importações de equipamentos.
A repórter levou menos de cinco minutos para chegar ao local.
Estranhamente, o senhor Miassini já não estava. Um "funcionário" que se identificou apenas como François, disse que ele saíra e
não tinha hora para voltar. Disse
ainda que a empresa só importa
café. E negou que um Basmaji trabalhasse no estabelecimento.
Apenas 24 horas depois, de posse do registro em que Michel
Bassmaji aparece como dono da
firma, a Folha retornou ao café.
Uma terceira pessoa, que não quis
se identificar, disse que, de fato,
Michel é quem manda. Mas "só
aparece de vez em quando."
Na Jumana, não havia ninguém
nem na quinta nem na sexta-feira
passada. No apartamento dos
Basmaji, no andar de baixo, ouviram-se vozes atrás da porta, mas
ninguém se animou a atender ao
chamamento da campainha.
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