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EDUCAÇÃO
Pesquisa mostra que 15% das escolas de áreas metropolitanas do NO, NE e Centro-Oeste estão muito precárias
Falta luz e sobram trincos nas escolas
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
Escolas sem portas nem janelas,
com iluminação deficiente, goteiras e rachaduras. Essa é a realidade de pelo menos 1.552 escolas de
ensino fundamental das principais regiões metropolitanas do
Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Levantamento do MEC obtido
pela Folhadetectou que 15% das
escolas públicas das áreas mais
populosas dessas três regiões estão em estado de conservação tão
ruim que não há como reformá-las. A única solução é reconstruí-las.
Foram analisadas 13,5 mil escolas públicas de ensino fundamental localizadas nas regiões metropolitanas das capitais ou nas segundas regiões mais populosas
dos 17 Estados do Norte, Nordeste
e Centro-Oeste.
Só as escolas em prédios próprios dos Estados e municípios
(10,2 mil) tiveram a situação detalhada pelo levantamento. Dessas,
81% (8.329) precisam passar por
algum tipo de reparo: pintura,
troca de telhas e esquadrias, instalação de ventiladores ou consertos hidráulicos e elétricos.
A situação é mais grave nas escolas municipais localizadas na
zona rural. Quase todas são escolas pequenas, com apenas uma
sala, onde alunos de 1ª a 4ª série
estudam misturados. Das 70 escolas em pior estado, todas estão na
zona rural, 65 são municipais e 60
têm apenas uma sala.
O Pará é o Estado que tem mais
escolas funcionando precariamente: 24 das 30 piores estão lá.
"Aqui a gente faz de tudo", explica
o professor Antonio Rodrigues da
Silva, 33, da Escola Municipal
"Santa Izabel", incluída na lista do
MEC e localizada na zona rural de
Jacundá, município com 45 mil
habitantes, 81 escolas rurais e 22
urbanas.
Silva trabalha em um galpão de
madeira com cerca de 30 metros
quadrados. As paredes estão
cheias de frestas, e as janelas, quebradas. No teto, faltam telhas.
Quando chove, os alunos empurram as carteiras -tábuas sobre
troncos- para os lados. Nos dias
de calor, o professor transfere as
aulas para o quintal, onde seus 21
alunos podem se sentar sob a
sombra de árvores
O levantamento da situação dos
prédios escolares foi realizado nos
últimos dois anos pelo Fundescola -acordo de empréstimo entre
o Banco Mundial e o MEC para
melhorar a qualidade da educação nas regiões Norte, Nordeste e
Centro-Oeste.
As piores escolas do ranking receberão prioritariamente os recursos do programa para reforma
de prédios e compra de equipamento e mobiliário escolar.
No ano passado, o Fundescola
repassou R$ 14,2 milhões para 784
escolas das regiões metropolitanas das capitais do Norte e do
Centro-Oeste que estavam em
pior situação.
As obras foram feitas entre janeiro e agosto deste ano. Ainda
não foi definido quantas escolas
serão beneficiadas na segunda
etapa do programa, porque o empréstimo do Bird para 99 ainda
não foi aprovado pelo Senado.
Mesmo analisando apenas as
escolas localizadas no entorno das
duas regiões mais populosas dos
Estados, a falta de estrutura delas
surpreende. Quase um terço das
escolas (27,7%) não possui banheiro e 75% não têm biblioteca
nem canto de leitura (para as com
menos de três salas de aula), ambientes que todas deveriam ter, de
acordo com os padrões mínimos
de funcionamento estabelecidos
pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação).
A situação é mais grave nas escolas municipais: 35,6% não têm
banheiro e 86,3% carecem de biblioteca ou canto de leitura.
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