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Reitor pede lista com os salários de funcionários
DA AGÊNCIA FOLHA
O reitor da UFC (Universidade Federal do Ceará), Roberto
Cláudio Frota Bezerra, pediu
ontem a lista dos salários de todos os funcionários da universidade. Ele quer mostrar que
não há "marajá" na instituição.
O levantamento foi pedido
após a revista "Veja" publicar
nota dizendo que oito professores da UFC recebiam mais de
R$ 22 mil. Eles estariam entre
os dez mais bem pagos do país.
Os supostos supersalários,
segundo a reitoria, foram concedidos pela Justiça. Os beneficiados conseguiram incorporar gratificações e perdas salariais de planos econômicos, como o Plano Collor, que trouxe
abono de 84% aos salários.
A maioria dos que têm altos
salários é de aposentados que
tiveram cargo de direção na
UFC, como Pedro Sisnando,
atual secretário de Desenvolvimento Rural do Ceará. Ele nega
que receba mais de R$ 20 mil e
quer que a UFC divulgue o real
valor de sua aposentadoria.
Contrastes
Segundo o coordenador de
Comunicação Social da universidade, Ítalo Gurgel, os beneficiados não receberiam mais
que R$ 12 mil, porque há descontos e impostos. A lista com
os salários da UFC deve ser divulgada até amanhã pelo reitor.
Ao mesmo tempo que a universidade mantém altos salários, 284 professores, os substitutos, recebem R$ 660 por mês.
Esses professores são contratados temporariamente por
dois anos e não têm vínculos
empregatícios. "Pago para trabalhar", afirmou Tânia Furtado, professora substituta do
curso de jornalismo da UFC.
Ela disse que tira dinheiro do
bolso para comprar fitas de vídeo para os alunos. Os cursos e
livros que ela adquire são pagos
com dinheiro dos pais.
Tânia diz que ainda está na
universidade porque sente satisfação ao ver seus alunos no
mercado de trabalho. "No ano
que vem eu saio. Já recebi uma
boa proposta de trabalho. Não
se vive apenas do idealismo."
Os professores efetivos também passam por dificuldades
financeiras. Betânia Montenegro, professora de artes dramáticas, recebe R$ 1.600, o que dá
somente para pagar aluguel e
sustentar a filha.
"Não posso pagar cursos, fazer especialização, comprar livros, nada. Sinto que estou ficando defasada, mas não posso
fazer nada", disse.
Sem o salário do mês de setembro - que não foi pago pelo governo federal por causa da
greve dos professores-, Betânia recorreu a um empréstimo
de R$ 400 junto à Adufc (Associação dos Docentes da UFC).
Os professores associados podem fazer o empréstimo, que
será quitado assim que receberem o salário atrasado.
"Vou comprar comida com
esse dinheiro. Se não fossem os
parentes, não sei como estaria
vivendo", afirmou.
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