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O CASO ABRAVANEL
Em depoimento, empresário contou que sugeriu levar Dutra Pinto até o SBT no porta-malas de seu carro
Silvio Santos propôs fuga a sequestrador
DA REPORTAGEM LOCAL
O empresário e apresentador de
TV Silvio Santos, 70, contou ontem, em depoimento à Justiça,
que sugeriu a Fernando Dutra
Pinto, 22, levá-lo no porta-malas
de seu carro até o estúdio do SBT,
na rodovia Anhanguera, para facilitar a fuga do sequestrador de
sua filha Patrícia Abravanel.
O plano, segundo o empresário,
não foi concretizado porque apareceram quatro policiais na sua
casa, invadida por Dutra Pinto no
dia 30 de agosto, um dia depois do
tiroteio em um flat em Barueri
(Grande São Paulo) em que dois
policiais morreram.
O apresentador contou que, ao
ser rendido em casa, no Morumbi
(zona oeste), o sequestrador disse
a ele que ""pretendia fugir" e que
temia ser morto caso fosse preso
durante a fuga.
O próprio sequestrador lembrou do helicóptero do programa
do Gugu, do SBT, mas o empresário disse que era impossível, pois a
aeronave era alugada e não estaria
disponível.
Além das opções de fuga, os
dois também falaram sobre dinheiro nos primeiros 15 minutos
de conversa, antes da chegada da
polícia, nas tentativas que o apresentador fez para que os dois saíssem da casa sem que sua mulher e
filhas fossem incomodadas.
Silvio Santos contou que Dutra
Pinto perguntou se tinha dinheiro
na casa e foi informado que havia
apenas R$ 800, mas que poderia
arrumar mais. O sequestrador
respondeu que não seria necessário, segundo o empresário.
O depoimento de Silvio Santos
foi prestado na presença de Dutra
Pinto e de outros quatro sequestradores da sua filha.
Crime de ameaça
Para a defesa de Dutra Pinto, o
depoimento descaracteriza a segunda denúncia de sequestro feita
pelo Ministério Público. No mesmo processo, ele será julgado pelo
sequestro de Patrícia.
""Seria no máximo crime de
ameaça", afirmou ontem a advogada Simone Badan Caparroz,
que trabalha na defesa de Dutra
Pinto com mais dois advogados.
Segundo o Ministério Público,
""o que Silvio Santos fez para tentar engabelar o sequestrador não
muda o crime". ""Ele não tinha
condição de escolher ou não. Para
mim, a exigência e a ameaça estavam veladas, por isso houve sequestro", disse o promotor do caso, Dimitrios Eugênio Bueri.
Para Paulo Juricic, promotor
criminal há 15 anos, a atitude de
Silvio Santos em tentar promover
a fuga do sequestrador é legítima.
"A lei não exige heroísmo de
ninguém. Nem se Silvio concretizasse o plano seria punido como
cúmplice ou facilitador da fuga",
disse o promotor.
Segundo Juricic, a ação de Silvio
Santos é caracterizada como legítima defesa. Ele diz que, para tentar se salvar, a vítima pode e deve
fazer o que quiser. "O que a gente
não faria no lugar dele?"
No depoimento, o apresentador
disse que não sofreu ameaças e
que o sequestrador chegou a falar
em se entregar.
Além de Silvio, Patrícia e o sobrinho do apresentador Guilherme Stoliar -que negociou o pagamento de resgate com os sequestradores- também prestaram depoimento ontem à Justiça.
Apesar de o resgate ter sido
apreendido pela polícia em 29 de
agosto, o apresentador contou
ainda não ter recuperado os R$
464 mil recolhidos em Barueri.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, o dinheiro foi encaminhado para o juiz do caso em
Barueri, que determinou o depósito judicial em nome do empresário. A liberação do dinheiro depende agora de um pedido formal
dos advogados de Silvio Santos.
Colaborou o "Agora"
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