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CRIME ORGANIZADO
Ana Olivatto era advogada de integrantes da facção criminosa e deu informações à polícia
Mulher de líder do PCC é assassinada
ALESSANDRO SILVA
SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma suposta guerra entre os
principais líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) levou ontem ao assassinato de Ana
Maria Olivatto Herbas Camacho,
45, mulher e advogada de um dos
comandantes da facção criminosa, o assaltante Marcos Willians
Herbas Camacho, 34, o Marcola.
Ela havia dado informações à polícia sobre ações do PCC.
Vítima de uma emboscada, Ana
foi morta menos de 15 horas depois de um ataque à escolta de
Thomaz Alckmin, 19, filho do governador Geraldo Alckmin
(PSDB), no qual um PM morreu.
A polícia duvida que haja alguma relação entre os casos, mas,
por ignorar a motivação de ambos, não descarta a hipótese.
A advogada assassinada havia
relatado à polícia, no final do mês
passado, que o PCC planejava
uma nova onda de atentados.
As autoridades não revelam a
que nível de detalhes Ana chegou,
mas foi ela, por exemplo, quem
negociou com o PCC o abandono
dos 30 quilos de explosivos e avisou à polícia, na segunda, que eles
já estavam à disposição em um
carro na rodovia Anhanguera.
A postura de Ana tinha motivos
claros. A Justiça já pode conceder
a liberdade condicional para Marcola, seu marido, se não houver
ressalva em relação a seu comportamento. Inocentá-lo no caso de
novos ataques seria, portanto, a
intenção final de Ana.
Marcola já não fora denunciado
pelos atentados realizados pela
facção no primeiro semestre. Isolado em Brasília, ele não aparecia
nas escutas telefônica.
Mas a parte da cúpula da facção
ligada a José Márcio Felício, o Geleião, interpretou como traição o
fato de Marcola ter evitado se envolver nas ações ao depor.
Desde então, em maio, a cúpula
do PCC está dividida. Geleião encabeça a ala radical -que defende atentados para desmoralizar o
governo- e Marcola comanda
um grupo mais "moderado".
A polícia manteve em sigilo seus
contatos com Ana e diz que nunca
ouviu da advogada relatos de
ameaça, mas a família dela diz que
elas ocorriam, por telefone.
Com base nas informações recebidas, as autoridades fizeram
novos grampos telefônicos e
prenderam no domingo a mulher
de Geleião, Petronilha Felício, 51.
Petronilha, segundo a polícia,
planejava a morte de Aurinete Félix da Silva, mulher de César Roris, outro líder da facção. Aurinete, como Ana, estaria tentando
evitar os atentados de Geleião.
"Quero uma festa por dia", teria
dito Petronilha nas gravações, se
referindo a ações do PCC.
Anteontem, Ana e outros três
advogados acompanharam o depoimento de Petronilha à polícia.
"Vou trabalhar com a hipótese
de desentendimento entre eles e
com todas as outras possíveis,
menos com a de assalto, porque
houve uma execução", disse o delegado Rui Ferraz Fontes.
Ana Maria foi morta entre 11h e
11h30 de ontem quando saía de
casa -um sobrado de classe média baixa na periferia de Guarulhos (Grande SP). A empregada
abria o portão para a advogada
sair de carro quando um homem
encapuzado se aproximou.
A moça, cujo nome será mantido em sigilo, foi empurrada, mas
conseguiu ver o assassino segurando o rosto de Ana e disparando dois tiros com uma pistola 45.
Eles atingiram a nuca da vítima,
que caiu no banco de trás de seu
Palio. O homem fugiu em um carro escuro. Ao volante, dizem vizinhos, estava uma mulher.
Os vizinhos que viram a ação
pedem sigilo de seus nomes. Todos sabem que Ana defendia o
PCC. Segundo um deles, ela saía
ontem de casa para ir a Presidente
Bernardes, informação confirmada pela delegado Fontes.
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