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VIOLÊNCIA
Após assaltos perto de escolas no Alto de Pinheiros, alunos deixaram de frequentar parque e só voltam para casa acompanhados
Insegurança muda rotina de estudantes
SIMONE IWASSO
DA REPORTAGEM LOCAL
Andar alguns quarteirões a mais
para ir ao shopping só para evitar
ruas sem movimento, voltar para
casa em grupo e deixar de frequentar o parque Villa Lobos. Inseguros com a série de assaltos em
plena luz do dia, alunos de escolas
particulares da região do Alto de
Pinheiros (zona oeste de São Paulo) já mudaram sua rotina.
"Desde o começo do ano mudamos o caminho para o shopping,
mas no parque Villa Lobos não dá
para ir. É dar chance para o azar",
conta T., 14, aluno do colégio Santa Cruz. Ele diz que vários de seus
amigos foram roubados no parque. "Sempre havia uns caras que
ficavam seguindo a gente, queriam o relógio, dinheiro ou celular", diz F., 14, da mesma escola,
que já teve o relógio roubado.
M., 13, aluno do Vera Cruz, chegou a ser assaltado duas vezes na
mesma rua, também ao voltar do
parque. "Disse para o ladrão que
tinha acabado de ser assaltado e
não tinha mais nada comigo." Ele
conta que os ladrões levaram R$ 5
dele. O amigo perdeu o celular.
O adolescente contou o caso para os pais, mas alguns preferem
omitir os roubos temendo que,
mesmo morando tão perto da escola, não possam mais andar sozinhos: "Prefiro não contar, minha
mãe não sabe de nada do que
acontece. Tenho medo de que ela
me proíba de andar sozinho no
bairro", diz L., 14, do Vera Cruz,
que nunca foi assaltado.
Segundo os alunos, os assaltos
geralmente são cometidos por
adolescentes desarmados. E os alvos são, principalmente, os estudantes menores, de 12 a 14 anos.
Por conta dos assaltos, alguns
pais de alunos do Vera Cruz voltaram a defender, por exemplo, o
fim do recreio aberto -quando
os estudantes da quinta à oitava
série podem deixar a escola, das
11h às 11h30, para frequentar a
praça em frente ao colégio.
O colégio, porém, diz que já fez
uma pesquisa com os pais sobre
esse assunto em 2002 e a maioria
decidiu por manter o esquema.
"Uma das coisas que nós enfatizamos é que os nossos filhos devem continuar a ir a pé para a escola. Estamos brigando contra essa visão que pretende trancar cada vez mais as crianças e jovens
dentro de condomínios fechados", afirma José Cunha, pai de
um aluno do colégio Vera Cruz.
Assim como Cunha, pais de alunos de escolas da região -Santa
Clara, Santa Cruz, Vera Cruz, Rainha da Paz e Hugo Sarmento-
têm se reunido com o Conseg
(Conselho Comunitário de Segurança) de Pinheiros para discutir
como melhorar a segurança.
"Não achamos que prender um
ou dois adolescentes vá solucionar o problema. Muito menos
queremos nos trancar em carros
blindados. Estamos discutindo
com a polícia e com os moradores
atitudes preventivas, mas que
também possam mostrar que um
ato criminoso tem punição", diz
Miklos Hromada.
Para Hromada, uma presença
maior da polícia no bairro pode
aumentar o efeito de segurança. O
grupo tenta, por exemplo, ampliar do horário em que a Polícia
Militar faz rondas nas ruas próximas às escolas.
Os pais tentam ainda conscientizar sobre a importância do boletim de ocorrência. Segundo o delegado José Pereira, do 14º DP,
responsável pela região, os crimes
precisam ser registrados para a
polícia poder agir. "Estamos cobrando dos pais que registrem os
casos para podermos investigar."
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