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ALTA ANSIEDADE
Segundo estudo da USP, rapazes se queixam de ejaculação precoce e garotas citam a falta de orgasmo
Início da vida sexual decepciona jovens
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Homens e mulheres estão insatisfeitos com o início da vida sexual. Estudo do núcleo de sexualidade da USP de São Paulo mostra
que 58,6% dos rapazes se queixam de ejaculação precoce e problemas de ereção. O mesmo percentual de insatisfação (58,7%) é
verificado entre as garotas, que citam a falta de orgasmo como o
principal problema.
Os números, obtidos com exclusividade pela Folha, foram extraídos da maior pesquisa sobre a
vida sexual do brasileiro já feita
no país, realizada pelo Projeto Sexualidade da USP, sob coordenação da psiquiatra Carmita Abdo.
Foram ouvidas 7.103 pessoas,
entre homens e mulheres de todas
as classes sociais, com idade entre
18 e 70 anos, em 13 Estados do
país.
Sobre as dificuldades específicas
do início da vida sexual, responderam aos questionários 1.123
mulheres e 981 homens.
Na avaliação de médicos, psiquiatras e psicólogos, não há problemas de disfunção sexual de ordem física nessa fase da vida. As
dificuldades são atribuídas à imaturidade emocional, ao pouco conhecimento do parceiro e à falta
de tranqüilidade do ato sexual. "É
um fenômeno normal na vida de
homens e mulheres que, com o
tempo, tende a ser superado", diz
Carmita Abdo.
Os jovens são mais ansiosos. E a
ansiedade, associada ao medo de
falhar, está levando muitos a
comprar, sem receita médica, remédios para disfunção erétil (Viagra, Cialis e Levitra). "Eles dizem
que é para turbinar a relação, mas
no fundo é uma insegurança muito grande", afirma o urologista
Sidney Glina, do Instituto H. Ellis,
de São Paulo, e chefe da urologia
do Hospital Ipiranga.
Glina, que no seu consultório
atende jovens da classe média alta, afirma que há grupos de amigos que "transam" grupos de
amigas, e o desempenho sexual de
cada um torna-se público.
Segundo Abdo, alguns fatores
explicam essa insatisfação sexual
dos jovens no início da vida sexual. As meninas têm dificuldade
de relaxamento, não estão lubrificadas o suficiente e se queixam de
dor durante o ato sexual.
Já os meninos, guiados apenas
pela atração física, na hora H podem ser surpreendidos pelo constrangimento, pela inibição e pelo
medo de falhar.
Para Abdo, a ejaculação rápida
não dá a sensação de falha para os
jovens. "O grande temor é a perda
ou falta de ereção, que, na cabeça
deles, não tem como explicar e todo mundo vai saber", diz.
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