São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 2011

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Briga entre três famílias já matou ao menos 64 pessoas

Rixa começou na década de 50, no Nordeste; motivo nunca foi explicado

Neste mês, operação na Paraíba e no Rio Grande do Norte prendeu 15 suspeitos; PM quer evitar mais mortes

MATHEUS MAGENTA
DE SÃO PAULO

Encravado no semiárido paraibano, a 436 km de João Pessoa, o município de Brejo dos Santos foi o início de um lastro de sangue que lembra as histórias do Velho Oeste americano, em uma briga que envolve três famílias e já matou ao menos 64 pessoas.
Foi na pequena cidade, de 5.847 habitantes, em boteco batizado de bar do Alvino, que a rixa entre as famílias Veras e Oliveira, que existia desde a década de 1950, fez sua primeira vítima.
Em 1995, Pedro Veras de Sousa matou a tiros Silvino Mesquita, então patriarca do clã dos Oliveira.
Ninguém sabe ao certo o porquê do assassinato. Para o polícia, foi apenas uma briga de valentões.
Para vingar a morte do pai, os filhos de Silvino passaram a ameaçar os familiares do matador.
Chico Veras, um os ameaçados resolveu se precaver e matou Grimalcy Mesquita, filho de Silvino.
Assustada e em menor número do que a rival, a família Oliveira fugiu do Estado.
Em São Paulo, juntou dinheiro para poder vingar as duas mortes. E a matança começou, com a ajuda de pistoleiros contratados.
Segundo as investigações, as famílias compravam apólice de seguro para possíveis alvos. Se um deles fosse assassinado, o dinheiro da indenização serviria para financiar uma possível vingança contra os rivais.
Desconfiados de que o clã dos Veras estivessem recebendo ajuda dos Suassuna, os Oliveira passaram a se vingar das duas famílias.
Policiais que investigam o caso chegam a estimar que o número de mortos passe de cem. Só neste ano, a investigação policial aponta sete homicídios ligados à rixa.
Segundo a Polícia Militar da Paraíba, os 64 crimes ocorreram em ao menos quatro Estados: Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e São Paulo.

OPERAÇÃO
Neste mês, as polícias Militar e Civil da Paraíba e do Rio Grande do Norte desencadearam uma operação para prender 15 suspeitos de envolvimento na rixa familiar.
Batizada de "Laços de Sangue", a operação resultou em prisões em Catolé do Rocha (PB), Patos (PB), João Pessoa (PB), Antônio Martins (RN) e Caraúbas (RN). Foram apreendidas 17 armas. Outros dois suspeitos estão foragidos.
A polícia disse que precisou antecipar a operação porque descobriu um plano para assassinar três integrantes da família Suassuna.
"Chacinas já foram evitadas. Porém em muitas situações a Polícia Militar só consegue adiar. A obstinação em matar e vingar é grande por parte de membros dos clãs", afirmou o tenente-coronel Cunha Rolim, comandante do 12º Batalhão da Polícia Militar em Catolé do Rocha.
Para o delegado regional do município, André Rabelo, a operação ajuda a "reduzir significativamente os índices de crimes na região, acabando com esse ciclo de violência que perdura há décadas".
Em maio passado, Pedro Veras de Sousa, envolvido no crime que deu origem à vendeta, foi morto a tiros em Pedra Branca (CE), aos 64 anos.
A reportagem entrou em contato por telefone com membros das três famílias em Catolé do Rocha e Brejo dos Santos, mas eles não quiseram dar entrevista sobre o assunto. "É melhor não se envolver", disse um Suassuna, que não quis se identificar.
Os municípios têm 28.759 e 6.198 habitantes, respectivamente, segundo o IBGE.
Os advogados dos 15 suspeitos presos na operação policial não foram localizados.



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