São Paulo, domingo, 24 de novembro de 2002

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SAÚDE

Encontro de especialistas debate pesquisas e tratamentos para as doenças causadas pela idade nos homens

Médicos combatem velhice masculina

LUIZ CAVERSAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O envelhecimento do homem, com todos os sintomas, as enfermidades e as terapêuticas específicas ao sexo masculino, é o objeto de estudos de um grupo de médicos brasileiros, que se reuniram ontem em São Paulo no 1º Simpósio Brasileiro Sobre Envelhecimento Masculino.
Trata-se da chegada ao país de uma tendência internacional recente da medicina. Essa nova vertente parte do pressuposto de que os estudos dos problemas ocasionados pela idade no homem estão cerca de 20 anos atrasados em relação aos da mulher.
Além dos problemas em comum a ambos, como perda de massa muscular, enfraquecimento dos ossos e diminuição da energia vital, investiga-se os males predominantemente masculinos e o que pode ser feito para melhorar a qualidade de vida.
A endocrinologista Anna Maria Martits, organizadora do simpósio brasileiro e frequentadora assídua das jornadas médicas sobre o tema em outros países, afirma que os estudos de disfunções causadas pela idade na mulher, sobretudo a menopausa, começaram na década de 60. Desde então, o tema vem sendo abordado, promovendo-se cada vez mais as atividades preventivas. "Cientificamente, sabe-se muito mais sobre a saúde da mulher do que a do homem", diz ela, para quem a mulher sempre se mobilizou mais e desenvolveu o hábito de ir preventivamente ao médico, seja ao ginecologista, seja ao pediatra, para levar os filhos.
"Na mulher, o conceito de prevenção é culturalmente arraigado. Já o homem só busca o médico quando está com algum problema, e uma boa porcentagem o faz estimulado pela mulher com quem vive", diz a médica.
Um indicador dessa tese: nos Estados Unidos, é muito maior o número de mulheres que recorre ao sistema público de saúde, mas o gasto do governo com a saúde dos homens é superior ao total de recursos dedicado às mulheres.
Talvez isso ajude a entender (o que não é explicado cientificamente) o fato de, no mundo ocidental, a mulher viver entre seis a oito anos a mais que o homem.

Atualização
O primeiro congresso internacional para tratar especificamente dos danos da idade no macho da espécie ocorreu em 1998. O mais recente foi em fevereiro, em Berlim, assim como no mês passado houve em Viena um encontro sobre a saúde masculina de uma maneira geral.
O mais importante estudo de grande porte para coligir dados sobre a questão também está sendo conduzido neste momento por pesquisadores dos Estados Unidos. A investigação, que vai oferecer um inédito banco de dados aos profissionais da área, é promovida por uma entidade que dá nome ao trabalho, a Massachusetts Male Aging Study (Estudo do Envelhecimento Masculino de Massachusetts).
"Está acontecendo tudo mais ou menos ao mesmo tempo", diz Martits. O objetivo desses encontros -inclusive o do brasileiro- é promover o intercâmbio entre as diversas especialidades. É uma atividade multidisciplinar, pois mobiliza clínicos, urologistas, geriatras, endocrinologistas, psiquiatras, dermatologistas e outros profissionais que trabalham com o desgaste físico e mental que passa a acometer o homem a partir dos 40 anos de idade.
Assim como vem ocorrendo nos encontros internacionais, o simpósio brasileiro abordou as novidades do setor (como os "filhotes do Viagra", ou seja, as novas e mais eficientes drogas para a disfunção erétil que estão chegando), mas também temas controversos, como a aplicação de hormônio do crescimento.
Esse procedimento, no entanto, deve ser adotado com cautela. Segundo os especialistas, não são devidamente conhecidas as suas correlações com o desenvolvimento de tumores.
Ainda nessa área, Anna Maria Martits falou sobre os implantes que reintroduzem testosterona (o hormônio masculino) no organismo. "Esse método mantém o nível hormonal homogêneo. As injeções tradicionais ocasionam um aumento brusco, depois uma queda. A aplicação de gel, mais eficiente, encontra resistência por parte dos homens."


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