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VIOLÊNCIA
Polícia não sabe quem atirou em rapaz; após confronto com seguranças de show, grupo destruiu carros e lojas na Barra Funda
Festival de rap termina em morte e arrastão
DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"
Um rapaz morreu após ser baleado na cabeça, ao menos seis
carros acabaram depredados, um
posto de gasolina e três lojas foram atacadas após uma confusão
em um show de rap, anteontem,
na zona oeste de São Paulo.
O tumulto começou por volta
das 22h30, no Espaço das Américas, na Barra Funda, onde aconteceu o festival "Hip Hop na Veia",
com a participação de conjuntos
como Racionais MC's, RZO, Expressão Ativa, entre outros, além
do grupo americano Killarmy.
A polícia investiga o que deu
origem ao conflito entre seguranças do evento e jovens que estavam do lado de fora. Uma das hipóteses é a venda de ingressos
além da capacidade do lugar. Outra é que a multidão se revoltou
com a demora na revista para entrar no local do festival.
Cerca de 5.000 pessoas estariam
no local no momento em que começou a correria.
Seguranças teriam usado dois
cães da raça rotweiller para conter
o tumulto. Um homem não-identificado, que a polícia investiga se
faz parte da segurança do festival,
fez o disparo que atingiu Pedro
Claudino Pinto, 20, na cabeça.
O rapaz morreu na Santa Casa,
após ser socorrido por populares.
Ele conhecia pessoas de uma das
bandas do festival e esperava uma
credencial para entrar.
A confusão se espalhou pelas
ruas vizinhas, chegando à avenida
Francisco Matarazzo, onde carros
estacionados foram atacados
-tiveram vidros quebrados e lataria amassada-, um posto de
gasolina teve as bombas depredadas, e três lojas que funcionam
dentro de um supermercado foram saqueadas -uma farmácia,
um salão de cabeleireiros e uma
loja de telefones celulares.
A tropa de choque da Polícia
Militar usou bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral para
conter o tumulto. O quebra-quebra terminou por volta das 2h.
"De repente, um monte de gente veio correndo e quebrando tudo. Fiquei com medo e me escondi dentro da garagem", afirmou o
manobrista Antonio Fabio Rocha, 45, que trabalha em um estacionamento perto dali, que recebe
veículos de uma casa noturna.
"Eu e minha mulher saímos da
Vila Country e encontramos nosso Golf destruído. Um PM nos
disse que, se ele não tivesse dado
tiros para cima, os vândalos iam
tacar fogo no carro. E a gente nem
tem seguro", disse o promotor
musical Lemos da Silva Sales, 34.
Versões
Nove rapazes foram detidos e
levados ao 23º DP (Perdizes), onde prestaram depoimento sobre a
suposta incitação aos danos. Todos foram liberados de madrugada. A polícia abriu inquérito.
Ontem, a delegacia ainda tentava descobrir quem organizou o
evento e qual empresa fazia a segurança no local. O inquérito irá
avaliar também quantos ingressos foram colocados à venda e
qual a capacidade do galpão.
Segundo um segurança do Espaço das Américas, que não quis
se identificar, o tumulto começou
porque muitos queriam entrar
sem ingresso e porque a revista na
entrada era rigorosa. Os fãs de rap
eram obrigados a deixar na porta
correntes de carteira e de pescoço,
além de outros objetos que poderiam ser usados em brigas.
De acordo com ele, a fila começou a demorar para andar e muitos, que já estavam bêbados, começaram a criar o tumulto.
O mesmo segurança disse que o
disparo que matou o rapaz partiu
de uma pessoa no meio da multidão. Os cães, disse ele, não teriam
sido soltos, apenas ficaram nervosos e avançaram contra algumas
pessoas, sem atacá-las.
Na tarde de ontem, durante a
desmontagem do palco, nenhum
integrante da produção do evento
estava na casa, e os funcionários
não souberam informar qual era a
empresa responsável pela segurança do show. Segundo testemunhas, seria a Phanton Service,
também não localizada.
Vítima
Familiares de Pedro Claudino
Pinto afirmaram ontem que vão
acionar a Justiça contra os responsáveis pelo evento de rap.
"Não acredito que fizeram isso
com ele", dizia a mãe do rapaz,
Eva Claudino, no velório.
Amigos e parentes juntaram dinheiro para pagar o enterro do jovem, que morava com os pais e
uma irmã no Jardim Floresta (zona sul), onde dava aulas de futebol. Ele não tinha o hábito de ir a
shows, mas gostava de rap. "Pedro era caseiro e sossegado", disse
Rafael, um amigo dele.
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