|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ENSINO SUPERIOR
Existem 19,5% mais estudantes universitários fora das capitais; em 1995, a relação era de 1 para 1
Cresce número de matrículas no interior
LUIS RENATO STRAUSS
DA REPORTAGEM LOCAL
As matrículas na educação superior estão crescendo em um ritmo mais acelerado no interior do
que nas capitais brasileiras. Em
1995, para cada estudante no interior, havia um nos grandes centros urbanos. Hoje há 19,5% mais
alunos fora das capitais. Nesse período, o aumento no número de
universitários no interior foi de
115,7%, contra 79,9% nas capitais.
Os dados resultam do cruzamento, feito pela Folha, de informações do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) e dos Censos da Educação Superior de 95 a 2002, o mais
recente, divulgado em outubro.
A rede particular, que nesse intervalo teve crescimento de 167%
de matrículas no interior, hoje é
responsável por 68,8% do setor.
Nas capitais, representa 71% do
total de universidades.
"Nesse período, começou a
crescer o negócio do ensino superior no interior", afirma Sérgio
Wether Duque Estrada, sócio-diretor da consultoria Valormax.
"Os empreendedores começaram a ver que os estudantes saíam
de casa para fazer cursos na capital. Eles começaram a entender
que existia uma oportunidade de
criar um pólo de ensino superior
nessas cidades [do interior]", diz.
Esse foi o primeiro passo: a oferta. Quando se percebeu que, de fato, havia uma demanda robusta,
isso possibilitou o fortalecimento
de quem já estava no mercado e
reforçou o interesse de novas instituições em entrar no setor.
"Hoje muitas universidades em
São Paulo [capital], por exemplo,
estão olhando para o interior com
o objetivo de comprar universidades", completa Duque Estrada.
Segundo ele, nas capitais, há
uma grande concorrência consolidada, o que gera "a canibalização de preços ou, no mínimo, a
dificuldade de repassar os custos
para os alunos".
O mercado
Com quatro anos de existência,
a Facamp (Faculdades de Campinas) foi uma das que apostaram
no interior. A diretora Liana Aureliano ressalta pontos positivos
da localização: Campinas tem filial de todos os bancos brasileiros
e agências de empresa estrangeiras e a região possui cerca de 15%
da população do Estado, estradas
em boas condições, ferrovia e aeroporto de cargas, sendo um pólo
exportador e porta de entrada do
interior paulista.
Além disso, a instituição aposta
em outro público. "Gente de classe média e classe alta da capital
mora aqui e trabalha em São Paulo. Eles buscam qualidade de vida", disse.
Na região Centro-Oeste, que teve o segundo maior crescimento
da educação superior no interior
(210,5%), a tendência pode estar
relacionada às novas fronteiras da
agricultura brasileira.
O público
Para Simon Schwartzman, do
Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade), a expansão do
ensino superior para o interior
não mudou o perfil do estudante.
O nível social e a renda são similares aos do público de dez anos
atrás -classes A e B.
"A expansão se dá em áreas onde ainda não se tinha o ensino superior, mas isso não incorporou
populações mais pobres. As universidades entraram para pegar a
elite do interior", diz.
O secretário de Educação Superior do MEC (Ministério da Educação), Carlos Antunes dos Santos, sustenta, por sua vez, que a interiorização das faculdades é um
dos fatores importantes para a inclusão social. "Existem dificuldades para o estudante se locomover para a capital. E as instituições
acabam indo em direção a eles."
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Pública aumenta fora das capitais Índice
|