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PERDIDO EM MONT BLANC
Empresário do Paraná, de 32 anos, deixou bilhete em um abrigo na montanha no último dia 7
Brasileiro desaparece nos Alpes franceses
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
DA FOLHA ONLINE
"Estou vivendo momentos mágicos. Agradeço ao meu Deus." O
bilhete, deixado no último 7 em
um mural de recados de um abrigo na montanha Mont Blanc, na
França, foi a última pista deixada
pelo empresário curitibano Marcos Luszcynski, 32.
O recado foi deixado em Guter,
o local mais próximo do cume do
Mont Blanc, que tem 4.808 metros. Nesta época do ano, a temperatura chega a 20C negativos e os
ventos, a quase 150 km/h.
O empresário, que é casado e
tem um filho de um ano e três meses, aproveitou uma viagem a
uma feira na Alemanha para escalar o pico, na fronteira entre a
França e a Itália, considerado um
dos mais difíceis desafios para alpinistas na Europa.
Ontem, o grupo de salvamento
francês informou que o empresário comprou equipamentos e alimentos em Guter, a 3.800 m de altura, antes de tentar atingir o cume do Mont Blanc.
A sócia de Luszcynski na empresa Altiseg, de equipamentos e
normas de segurança industrial,
Patrícia dos Santos, 25, disse que o
empresário deveria retornar da
Europa na última quinta- feira.
Como ele não apareceu, ela procurou informações na empresa de
viagens aéreas para saber sobre o
retorno. "Foi aí que descobrimos
que ele não havia remarcado a
passagem. Simplesmente não havia aparecido para o embarque."
No sábado, ela conseguiu saber
do grupo de salvamento que o
empresário havia passado pelo
abrigo de alpinistas em Guter, onde deixou o bilhete.
"Encontrei em seu computador,
na empresa, todo detalhamento
de seu projeto de escalar o Mont
Blanc. Ele é calmo, detalhista, e a
informação, que recebemos hoje
[ontem] do grupo de salvamento
francês, de que comprou equipamentos e alimentos, mostra que
ele pode estar esperando por socorro em algum ponto entre Guter e o cume do Mont Blanc."
Ontem, Santos e a irmã de
Luszcynski, Andréa, passaram o
dia estabelecendo contatos com
autoridades francesas.
"O maior problema é que eles
não fazem busca terrestre no
Mont Blanc, apenas buscas aéreas. Se eles encontram algo estranho, só aí acionam alpinistas e
equipes terrestres", disse Patrícia.
Abalados
"Estamos abalados, mas cremos
em Deus e acreditamos que ele será localizado. O Marcos é uma
pessoa muito forte, experiente e
conhece muito bem o que faz",
afirmou Andréa.
Segundo ela, a família acredita
que o brasileiro -que praticava
escaladas há 17 anos- possa estar machucado em algum ponto
da montanha, aguardando que a
polícia o localize. "Ele não se colocaria em uma situação de risco."
Na viagem, ele telefonou algumas vezes para a mulher, Valéria,
e mandou mensagens de e-mail
para a família em Curitiba. O último contato foi feito no dia 4 de
novembro, quando ele enviou um
e-mail para um amigo. "Ele dizia
que a viagem estava ótima e que
logo estaria de volta", diz a irmã.
No começo deste ano, o dentista
Eduardo Alvarenga da Silva, de
Sorocaba, morreu ao tentar conquistar o pico do Aconcágua. Ele
estava com a mulher, Rita Bragatto, que sobreviveu.
(JOSÉ MASCHIO E DANIELA LORETO)
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