São Paulo, quinta-feira, 24 de novembro de 2005

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PERDIDO EM MONT BLANC

Empresário do Paraná, de 32 anos, deixou bilhete em um abrigo na montanha no último dia 7

Brasileiro desaparece nos Alpes franceses

DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
DA FOLHA ONLINE

"Estou vivendo momentos mágicos. Agradeço ao meu Deus." O bilhete, deixado no último 7 em um mural de recados de um abrigo na montanha Mont Blanc, na França, foi a última pista deixada pelo empresário curitibano Marcos Luszcynski, 32.
O recado foi deixado em Guter, o local mais próximo do cume do Mont Blanc, que tem 4.808 metros. Nesta época do ano, a temperatura chega a 20C negativos e os ventos, a quase 150 km/h.
O empresário, que é casado e tem um filho de um ano e três meses, aproveitou uma viagem a uma feira na Alemanha para escalar o pico, na fronteira entre a França e a Itália, considerado um dos mais difíceis desafios para alpinistas na Europa.
Ontem, o grupo de salvamento francês informou que o empresário comprou equipamentos e alimentos em Guter, a 3.800 m de altura, antes de tentar atingir o cume do Mont Blanc.
A sócia de Luszcynski na empresa Altiseg, de equipamentos e normas de segurança industrial, Patrícia dos Santos, 25, disse que o empresário deveria retornar da Europa na última quinta- feira.
Como ele não apareceu, ela procurou informações na empresa de viagens aéreas para saber sobre o retorno. "Foi aí que descobrimos que ele não havia remarcado a passagem. Simplesmente não havia aparecido para o embarque."
No sábado, ela conseguiu saber do grupo de salvamento que o empresário havia passado pelo abrigo de alpinistas em Guter, onde deixou o bilhete.
"Encontrei em seu computador, na empresa, todo detalhamento de seu projeto de escalar o Mont Blanc. Ele é calmo, detalhista, e a informação, que recebemos hoje [ontem] do grupo de salvamento francês, de que comprou equipamentos e alimentos, mostra que ele pode estar esperando por socorro em algum ponto entre Guter e o cume do Mont Blanc."
Ontem, Santos e a irmã de Luszcynski, Andréa, passaram o dia estabelecendo contatos com autoridades francesas.
"O maior problema é que eles não fazem busca terrestre no Mont Blanc, apenas buscas aéreas. Se eles encontram algo estranho, só aí acionam alpinistas e equipes terrestres", disse Patrícia.

Abalados
"Estamos abalados, mas cremos em Deus e acreditamos que ele será localizado. O Marcos é uma pessoa muito forte, experiente e conhece muito bem o que faz", afirmou Andréa.
Segundo ela, a família acredita que o brasileiro -que praticava escaladas há 17 anos- possa estar machucado em algum ponto da montanha, aguardando que a polícia o localize. "Ele não se colocaria em uma situação de risco."
Na viagem, ele telefonou algumas vezes para a mulher, Valéria, e mandou mensagens de e-mail para a família em Curitiba. O último contato foi feito no dia 4 de novembro, quando ele enviou um e-mail para um amigo. "Ele dizia que a viagem estava ótima e que logo estaria de volta", diz a irmã.
No começo deste ano, o dentista Eduardo Alvarenga da Silva, de Sorocaba, morreu ao tentar conquistar o pico do Aconcágua. Ele estava com a mulher, Rita Bragatto, que sobreviveu. (JOSÉ MASCHIO E DANIELA LORETO)

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