São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 2006

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Grupo é acusado de desviar R$ 30 mi de doações a ONGs

Operação da Polícia Civil do Paraná resultou na prisão de 16 integrantes de duas instituições de auxílio a pessoas com câncer

Polícia diz que dirigentes e funcionários enriqueceram e compraram casas e carros de luxo; foram apreendidos R$ 600 mil em dinheiro

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A Polícia Civil do Paraná prendeu ontem 16 dirigentes e funcionários de duas ONGs de auxílio a doentes de câncer por suspeita de desvio de ao menos R$ 30 milhões em doações da população, só no ano passado. Segundo a polícia, os dirigentes enriqueceram, comprando casas de luxo e carros do ano com o dinheiro arrecadado.
Os presos são ligados ao GAPC (Grupo de Apoio a Pessoas com Câncer) e à Abrapec (Associação Brasileira de Assistência a Pessoas com Câncer), com sede em São Paulo e que têm mais de 50 filiais pelo país -só o GAPC tem 29.
A operação foi conduzida pela Dedec (Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas) e resultou de uma uma investigação que começou há mais de um mês, a partir de denúncias de funcionários que testemunharam o desvio, segundo o delegado-chefe da Dedec, Marcus Vinícius Michelotto.
O jornalista Arnaldo Braz, 60, suspeito de chefiar a quadrilha, e seu irmão Waldemar Braz, 57, foram presos em São Paulo. Os dois têm casas na capital paulista, em São José dos Campos e em Maringá (PR).
O grupo deve responder na Justiça por peculato, formação de quadrilha e enriquecimento ilícito. Foi decretado sigilo nas investigações. As penas podem chegar a 15 anos de prisão.
Os policiais cumpriram 31 mandados em quatro Estados (PR, SP, SC e RS). Houve apreensão de R$ 600 mil em dinheiro, R$ 200 mil em cheques e mais de 20 carros, anos 2005 e 2006. Na casa de Waldemar na capital foram achados cerca de R$ 330 mil.
A GAPC é, segundo o secretário da Segurança do Paraná, Luiz Fernando Delazari, ""uma dissidência da LBV [Legião Brasileira da Boa Vontade]". Ele disse que a ONG adotou o modelo de arrecadação investigado na LBV pelo Ministério Público e a Receita Federal em 2002, por sonegação fiscal.
O GAPC tem ramificações da Paraíba ao Rio Grande do Sul. A Abrapec é controlada pelo mesmo grupo. Não há registro de hospital ou clínica que tenha recebido dinheiro das ONGs. A pouca ajuda era individual e se resumia a cestas básicas ou dinheiro para despesas mínimas, forma de justificar a existência, diz Michelotto.


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