|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Grupo é acusado de desviar R$ 30 mi de doações a ONGs
Operação da Polícia Civil do Paraná resultou na prisão de 16 integrantes de duas instituições de auxílio a pessoas com câncer
Polícia diz que dirigentes e funcionários enriqueceram e compraram casas e carros de luxo; foram apreendidos R$ 600 mil em dinheiro
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
A Polícia Civil do Paraná
prendeu ontem 16 dirigentes e
funcionários de duas ONGs de
auxílio a doentes de câncer por
suspeita de desvio de ao menos
R$ 30 milhões em doações da
população, só no ano passado.
Segundo a polícia, os dirigentes
enriqueceram, comprando casas de luxo e carros do ano com
o dinheiro arrecadado.
Os presos são ligados ao
GAPC (Grupo de Apoio a Pessoas com Câncer) e à Abrapec
(Associação Brasileira de Assistência a Pessoas com Câncer),
com sede em São Paulo e que
têm mais de 50 filiais pelo país
-só o GAPC tem 29.
A operação foi conduzida pela Dedec (Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas) e resultou de uma uma investigação que começou há mais de
um mês, a partir de denúncias
de funcionários que testemunharam o desvio, segundo o delegado-chefe da Dedec, Marcus
Vinícius Michelotto.
O jornalista Arnaldo Braz,
60, suspeito de chefiar a quadrilha, e seu irmão Waldemar
Braz, 57, foram presos em São
Paulo. Os dois têm casas na capital paulista, em São José dos
Campos e em Maringá (PR).
O grupo deve responder na
Justiça por peculato, formação
de quadrilha e enriquecimento
ilícito. Foi decretado sigilo nas
investigações. As penas podem
chegar a 15 anos de prisão.
Os policiais cumpriram 31
mandados em quatro Estados
(PR, SP, SC e RS). Houve
apreensão de R$ 600 mil em dinheiro, R$ 200 mil em cheques
e mais de 20 carros, anos 2005
e 2006. Na casa de Waldemar
na capital foram achados cerca
de R$ 330 mil.
A GAPC é, segundo o secretário da Segurança do Paraná,
Luiz Fernando Delazari, ""uma
dissidência da LBV [Legião
Brasileira da Boa Vontade]".
Ele disse que a ONG adotou o
modelo de arrecadação investigado na LBV pelo Ministério
Público e a Receita Federal em
2002, por sonegação fiscal.
O GAPC tem ramificações da
Paraíba ao Rio Grande do Sul. A
Abrapec é controlada pelo mesmo grupo. Não há registro de
hospital ou clínica que tenha
recebido dinheiro das ONGs. A
pouca ajuda era individual e se
resumia a cestas básicas ou dinheiro para despesas mínimas,
forma de justificar a existência,
diz Michelotto.
Texto Anterior: Governo admite surto de sarampo em cidade baiana Próximo Texto: Advogado deve se manifestar somente hoje Índice
|